Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 22 de novembro de 2020
"Extensão está além da minha compreensão, como homem branco e privilegiado que sou", disse Noel Prioux.
Foto: ReproduçãoDepois do presidente global do Grupo Carrefour, Alexandre Bompard, se manifestar sobre o caso de João Alberto Silveira Freitas, homem negro de 40 anos morto por dois seguranças em uma filial da rede em Porto Alegre, o CEO do grupo no País, Noel Prioux, se pronunciou neste sábado (21) sobre o caso, ocorrido na quinta-feira (19), véspera do Dia da Consciência Negra.
O comunicado foi exibido inicialmente na TV Globo, durante o intervalo do Jornal Nacional, e replicado posteriormente na internet. Além dele, também se pronunciou no vídeo o vice-presidente de Recursos Humanos do grupo, João Senise. Ambos afirmaram que o caso de João Alberto não representa os valores da empresa.
Ao pedir desculpas à família de João Albert, Prioux, que classificou o espancamento como tragédia, disse que não tinha condições de compreender completamente o tamanho da dimensão do caso, como “branco e privilegiado” que é.
“O que aconteceu na loja do Carrefour foi uma tragédia de dimensões incalculáveis, cuja extensão está além da minha compreensão, como homem branco e privilegiado que sou. Então, antes de tudo, meus sentimentos à família de João Alberto e meu pedido de desculpas aos nossos clientes, à sociedade e aos nossos colaboradores”, disse o CEO.
O vice-presidente de Recursos Humanos do grupo disse que mais da metade dos colaboradores da empresa no Brasil são negros e negras e que mais de 30% dos gestores se autodeclaram pretos ou pardos.
“O que aconteceu em nossa loja não representa quem somos e nem os nossos valores. Cinquenta e sete por cento dos nossos colaboradores são negras e negros e mais de um terço dos nossos gestores se autodeclaram pretos ou pardos. Mas estamos conscientes que precisamos de mais ações concretas e efetivas para o fortalecimento da nossa cultura de diversidade”, afirmou Senise.
Prioux também declarou que a morte de João Alberto deve servir como estímulo ao compromisso da empresa em combater o racismo estrutural no Brasil.
“Reforço meu compromisso com todas as famílias brasileiras. Se uma crise como essa está acontecendo conosco é porque temos a responsabilidade de mudar isso na sociedade. A morte de João Alberto não pode passar em vão. E é por isso que assumimos hoje o compromisso de ajudar a combater o racismo estrutural. Comunicaremos nos próximos dias todas as nossas iniciativas e o comitê dedicado exclusivamente a esta causa. Mais uma vez, minhas sinceras desculpas”, finalizou o CEO.