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Por Redação O Sul | 26 de setembro de 2015
Depois de 20 anos de estudo, uma equipe de pesquisadores franceses conseguiu obter espermatozoides de homens estéreis “in vitro”, um feito inédito. Os cientistas revelaram em entrevista coletiva a tecnologia de tratamento celular com a qual, pela primeira vez, puderam “diferenciar células-tronco germinais (espermatogonias) e produzir, fora do corpo, espermatozoides morfologicamente normais”.
O processo conhecido como “espermatogênesis” consiste em fazer essas células primordiais evoluírem para espermatozoides completos, utilizando outras células para seu abastecimento. “Fisiologicamente é muito complexo e dura 72 dias”, explicaram.
A descoberta foi impulsionada pela empresa emergente Kallistem, do Instituto de Genômica Funcional de Lyon. O diretor científico de Kallistem, Phillipe Durand, e a pesquisadora Marie-Hélène Perrard uniram seus descobrimentos com os do professor universitário Laurent David, membro do Laboratório de Engenharia dos Materiais Polímeros, e conseguiram completar o desafio.
A descoberta abre uma via que pesquisadores de todo o mundo buscavam há anos, ressaltou o Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, uma das instituições envolvidas. A técnica poderia resolver “entre 30% e 50%” dos problemas de infertilidade masculina, afirmou Philippe Durand, pesquisador responsável pelo projeto.
Até hoje não existia nenhuma possibilidade segura de preservar a fertilidade de meninos pré-púberes submetidos a tratamentos gonadotóxicos – como algumas quimioterapias – nem soluções alternativas para a paternidade biológica de adultos estéreis.
Os pesquisadores esperam poder resolver as necessidades desses dois tipos de pacientes, que graças a uma biópsia testicular, obterão “in vitro” espermatozoides capazes de serem utilizados posteriormente em uma fecundação assistida, através da microinjeção no óvulo. O esperma obtido poderá ser igualmente preservado. Em ambos os processos, a imediata fecundação “in vitro” ou o congelamento, será necessário analisar antes a qualidade dos espermatozoides produzidos. (AE)