Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 17 de junho de 2020
Setor passa a acumular perda de 18,7% em três meses seguidos de retração
Foto: ReproduçãoO volume de serviços prestados no Brasil teve queda recorde de 11,7% em abril, na comparação com março, com perdas generalizadas em todas as as atividades, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (17) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
“Esse é o terceiro recuo consecutivo e o mais intenso da série histórica, iniciada em janeiro de 2011”, destacou o IBGE. Na comparação com abril do ano passado, a queda foi ainda maior, de 17,2% – a segunda taxa negativa nesta base de comparação.
Esta foi a primeira vez que a pesquisa refletiu um mês inteiro sob o quadro de isolamento social e de restrições impostas pela pandemia de coronavírus, que começaram a ser implementadas no país na segunda quinzena de março.
Com o tombo recorde em abril, o setor, que possui o maior peso na composição do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil, passou a acumular perda de 18,7% em 3 meses.
Com os resultados de abril, o setor de serviços atingiu o patamar mais baixo da série histórica da pesquisa. Ele ficou 27% abaixo do pico mais alto, registrado em novembro de 2014, e bem abaixo do piso até então alcançado, em maio de 2018, quando ficou 15,7% abaixo do pico. Os números de abril vieram piores do que as expectativas do mercado. Pesquisa da Reuters com analistas apontava contração de 10,5% no mês e de 15,8% no ano.
Setor passa para o vermelho no acumulado em 12 meses
No acumulado do ano, a queda é de 4,5% frente a igual período do ano anterior. Em 12 meses, passou de uma alta de 0,7% em março para retração de 0,6% em abril, evidenciando quão expressiva foi a queda do setor em 2020 diante da pandemia.
“O acumulado em 12 meses é um indicador mais demorado, de trajetória de longo prazo. Até mesmo por isso, perder 1,3 ponto percentual de um mês para o outro é muito expressivo”, destacou o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo.
Quedas recordes em todas as 5 atividades
Este foi o segundo mês seguido em que os cinco grandes ramos de atividade do setor tiveram queda, com forte impacto da pandemia nos setores de transportes e nas operações de hotéis e restaurantes.
O tombo em abril foi recorde em todas as atividades, com destaque para transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-17,8%) e serviços prestados às famílias (-44,1%). Em 2 meses, esses dois setores acumulam quedas de 24,9% e 61,6%, respectivamente.
Os demais resultados negativos vieram de serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,6%), de informação e comunicação (-3,6%) e de outros serviços (-7,4%).
Considerando todos os subgrupos, os tombos mais expressivos foram registrados no transporte aéreo (-73,8%), nos serviços de alojamento e alimentação (-46,5%) e nos outros serviços prestados às famílias, incluindo salões de beleza, academias e reparos (-33,3%).
Segundo o gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, antes da pandemia a última vez que se observou queda disseminada entre todos os cinco ramos foi em maio de 2018, quando ocorreu a greve dos caminhoneiros.