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Economia Com inflação em alta, taxa básica de juros pode chegar a 13,5%

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A consulta pública ficará aberta até 2 de setembro para coleta de avaliações e sugestões. (Foto: Agência Brasil)

O galope da inflação em março, que atingiu 1,62%, a maior taxa em 28 anos, e a perspectiva de um cenário turbulento dos preços para os próximos meses devem fazer com que o Banco Central (BC) suba ainda mais a taxa básica de juros neste ano.

Nas contas do economista-chefe da consultoria MB Associados, Sergio Vale, a Selic deve chegar em 2022 a 13,5% para conter as expectativas inflacionárias para 2023, que são crescentes. “Não vai bastar subir a Selic para 12,75%. Será preciso subir mais do que isso”, prevê.

Vale acha difícil que o BC consiga trazer a inflação para a meta de 3,25% no ano que vem, especialmente porque a autoridade monetária está sozinha no combate à inflação. Hoje o BC não conta com a ajuda da política fiscal para segurar os preços e é muito provável que esse quadro se repita em 2023.

A seguir, os principais trechos da entrevista:

1) Qual é a sua avaliação do resultado da inflação de março de 1,62%?

É um resultado muito ruim acima do que esperávamos, alta de 1,27%. Março obviamente teve todo o impacto mais agressivo por conta da guerra. Esse resultado foi atípico e não deve se repetir até o final do ano nesse patamar. Mas há preocupações muito grandes para os meses de abril e maio, especialmente abril. Em abril teremos o benefício da bandeira verde da tarifa de energia. Mas, por outro lado, teremos a pressão dos medicamentos e as repercussões da alta das commodities. Provavelmente o IPCA acumulado em 12 meses chegará a 12% em abril.

2) E qual é a perspectiva?

Temos uma inflação ainda sob muito risco para os próximos meses. Com IPCA em 12 meses em 12% em abril, para fechar o ano com 7,8% é preciso ter uma média mensal de 0,42% a cada mês até o final do ano. E não vemos essa média no IPCA acontecer faz muito tempo. É preciso ter um processo de desinflação muito grande para chegar a 7,8% e isso está sob risco. O câmbio está começando a voltar agora com a subida dos juros nos EUA, tem o risco eleitoral no segundo semestre que pode jogar o câmbio mais para cima. As benesses que teremos com energia elétrica, talvez não sejam suficientes para se contrapor às pressões que teremos até o final do ano.

3) O ssenhor mudou a previsão de 7,8% para este ano?

Não. Mas há uma grande chance de o IPCA fechar 2022 acima de 8%. Isso traz preocupação para o ano que vem. Trazer a inflação em 12 meses de um nível de 12% em abril para perto de 3% em 2023, não vai ser tão simples assim. Tem a pressão na questão dos fertilizantes que ainda está em aberto, tem a pressão no câmbio por conta do novo presidente e o que ele fará da política econômica. 2023 será um ano arriscado para a inflação. Estou com um IPCA para 2023 de 4,2%, o mercado está sistematicamente subindo as expectativas. O BC tem que impedir que essas expectativas para o ano que vem começam a acelerar.

4) O que fazer?

O BC optou por algo escalonado: trazer a inflação para a meta no ano que vem. Só que essa inflação na meta no ano que vem está começando a ficar arriscada de não acontecer. Isso irá demandar um esforço adicional do Banco Central daqui para frente. Não vai bastar subir a Selic para 12,75%. Será preciso subir mais do que isso.

5) A Selic pode chegar a quanto?

Estamos com a previsão de Selic a 13% ao ano, mas possivelmente vamos revisar esse número para cima. Diria que a Selic pode chegar a 13,5%. Não vejo chegando a 14%, apesar de ser uma possibilidade.

6) A taxa de difusão, que mede a fatia de itens que estão subindo de preço, veio muito forte em março, foi de 76%. Por que a inflação está tão espalhada e acelerada?

Esse é o grande problema de termos choques contínuos como tivemos agora. Vimos uma discussão nos últimos dois anos de pessoas dizendo que o Banco Central não precisava fazer nada com a inflação porque era um choque de oferta que iria se dissipar. Estamos tendo a comprovação agora de que não é isso. Os choques de oferta que tivemos por conta da pandemia, guerra, são vistos na inflação e a inflação se espalha. O indicador mais importante é o de difusão. O que vemos hoje são choques que começaram na base da cadeia de tudo que se produz e consome. Não tinha como se imaginar que uma pressão na base da cadeia não seria repassada, especialmente num momento de saída da pandemia.

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