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Por Redação O Sul | 25 de julho de 2019
De posse de um relatório oficial que aponta uma elevação de 14,4% nos casos de hepatite A, B ou C no Rio Grande do Sul em 2018, a SES (Secretaria Estadual da Saúde) decidiu reforçar as medidas de prevenção. Foram 7,6 mil pessoas a mais com o diagnóstico da doença viral no ano passado.
Os dados contabilizados no início deste mês, intitulado “Julho Amarelo” e que tem neste domingo (28) o Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais.
As hepatites virais são doenças infecciosas que afetam o fígado. Não costumam apresentar sintomas. Quando aparecem, os mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
Hepatite A
Com 157 casos diagnosticados em 2018 no Estado (153% a mais que no ano anterior), a hepatite A geralmente não apresenta sintomas e está historicamente relacionada à precariedade de saneamento, com transmissão pela água e por alimentos contaminados.
Mas se verifica um aumento expressivo no número de casos entre homens jovens e adultos. Esse fenômeno já havia sido observado na Região Sudeste e em outros países, onde estudos indicam como segmento mais vulnerável os praticantes de relações homossexuais masculinas.
– Transmissão: ingestão de água ou alimentos contaminados pelo vírus, contágio oral-fecal (inclusive durante prática sexual).
– Prevenção: ingerir água tratada ou fervida, lavar bem alimentos crus, cozinhar bem peixes, mariscos e crustáceos e higienizar as mãos após usar o banheiro. Desde 2014, a vacina contra a hepatite A está disponível no SUS (Sistema Único de Saúde), no calendário básico de 15 meses a 5 anos.
Hepatite B
Com 1.668 casos diagnosticados em 2018 no Rio Grande do Sul, (elevação de 14%), a hepatite B tem como principal via de transmissão do vírus a sexual, pelo contato com fluídos corporais ou sangue. Em média, 6% das pessoas infectadas desenvolvem a forma crônica, situação mais frequente quando a contaminação se dá na infância, em especial nos bebês.
Se a mulher não foi vacinada antes de engravidar, a gestante precisa receber a vacina hepatite B o mais cedo possível. No total, são três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a primeira e a terceira. A vacina não contém vírus vivo, portanto não causa doença.
– Transmissão: compartilhamento de materiais no uso de drogas injetáveis (cocaína em seringa e anabolizantes, por exemplo), inaláveis (cocaína em pó) ou pipadas (crack), relação sexual sem preservativo, uso de materiais perfurocortantes não esterilizados) e no parto, caso a mãe seja portadora (transmissão vertical).
– Prevenção: uso de preservativos nas relações sexuais, esterilização adequada e não compartilhamento de materiais perfurocortantes. A vacinação em crianças abrange quatro doses: ao nascer e com 2, 4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são três doses, dependendo da situação.
Hepatite C
Com 5.853 casos diagnosticados em 2018 no Estado (alta de 13%), a hepatite C é transmitida pelo sangue. É considerado de risco quem recebeu transfusão antes de 1993, usuários de drogas injetáveis, inaláveis ou pipadas, pessoas que utilizam instrumentos não esterilizados para aplicação de piercing, tatuagem, manicure e objetos de higiene pessoal.
Os casos ocorrem com maior frequência em pessoas de 40 a 59 anos, responsáveis por cerca de 50% dos casos confirmados no Estado em 2018.
– Transmissão: compartilhamento de materiais no uso de drogas injetáveis, inaladas e pipadas, relação sexual desprotegida, uso de materiais perfurocortantes não esterilizados (alicates de unha, aparelho de barbear e depilar, instrumentos de tatuagem e piercings, materiais cirúrgicos ou odontológicos). Quem recebeu transfusão de sangue anterior a 1993 corre o risco de ter sido contaminado.
– Prevenção: uso de preservativos em todas as relações sexuais, esterilização adequada e não compartilhamento de materiais perfurocortantes. Ainda não existe vacina disponível.
(Marcello Campos)