MundoCompletamente deserta desde quando iniciou a quarentena, Las Vegas inicia seus primeiros passos rumo à reabertura a milhões de turistas
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Redação O Sul
| 21 de maio de 2020
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A cidade é uma das mais afetadas pela crise desencadeada pelo coronavírus nos Estados Unidos. (Foto: Reprodução/Instagram)
Completamente deserta desde março, quando foi decretada quarentena oficial, Las Vegas, no Estado americano de Nevada, inicia seus primeiros passos rumo à reabertura. Na última segunda-feira (18), o órgão de turismo local lançou a campanha “O que acontece em Vegas”, em que pretende convencer turistas mundo afora à retornar para seus cassinos.
“O mundo mudou, assim como Las Vegas”, diz trecho inicial do vídeo. “As coisas serão um pouco diferentes quando abrirmos novamente – pelo menos por um tempo”, diz trecho do comercial. “Mas estamos trabalhando para tornar a experiência mais intimista, com mais espaço e a emoção que você espera”.
O desconfinamento teve início no último dia 9 de maio, quando permitiu-se a reabertura do comércio não essencial, como lojas e restaurantes. Os grandes cassinos, como o MGM e o Bellagio, no entanto, só devem voltar a receber turistas a partir de 1º de junho.
Outro pilar do entretenimento que move Las Vegas, os shows terão retorno ainda mais tardio, no mínimo em 30 de junho. Grandes companhias, como o Cirque du Soleil, anunciaram que a plateia terá capacidade de público reduzida. Já as famosas pool parties seguem vetadas, sem data para voltar.
Os 400 cassinos locais prometem medidas duras para evitar a disseminação do coronavírus. Nas áreas de jogos, por exemplo, os limites de ocupação serão reduzidos à metade. Estarão vetadas aglomerações de grupos e os funcionários que distribuem fichas e cartas aos frequentadores terão de desinfetar a mão a cada nova interação.
Nesta semana, uma carreata com 10 mil trabalhadores locais percorreu a cidade em comemoração. Entre os automóveis havia faixas em que se pedia a confiança dos turistas. “Transparência = segurança” e “não brincamos com a sorte quando o assunto é a vida”, eram algumas das mensagens exibidas.
“Não sabemos como será o novo normal. Mas certamente não será como no passado, em que os cassinos operavam nos fins de semana com 90% de ocupação”, diz John Restrepo, da consultoria RCG Economics, baseada na cidade.
O problema, segundo especialistas, é que o Estado iniciou seu desconfinamento sem ter debelado as infecções. Com 7 mil casos confirmados e ao menos 350 mortes, Nevada ainda registra cerca de 50 novas infecções diárias. Isso faz crescer o temor de que a retomada das atividades leve a uma possível segunda onda. Analistas dizem ainda que o número de testes feitos por lá é baixo.
Ao lado de Orlando, na Flórida, onde ficam os parques da Disney e da Universal, Las Vegas teve sua economia devastada pelo novo coronavírus. Um terço de todos os postos de trabalho dependem da indústria de turismo e entretenimento. Segundo dados oficiais, o desemprego passou de 4% em fevereiro para estonteantes 25% atualmente.
Las Vegas tem 150 mil quartos de hotel (para efeito de comparação, Nova York possui 107 mil, e Londres, 140 mil). A média de ocupação, que costuma girar em torno de 90%, despencou para menos de 5% nas últimas oito semanas.
Dos 60 mil filiados ao sindicato de trabalhadores da gastronomia, 98% reportaram ter perdido o emprego durante o confinamento. E cerca de 14% dos três milhões de habitantes de Nevada reportaram não ter dinheiro sequer para comprar comida.
Diante de quadro tão assustador, Las Vegas torce para que os dias de hedonismo e jogatina voltem a mobilizar o imaginário (e o bolso), de turistas do mundo todo.
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