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Por Redação O Sul | 2 de julho de 2022
O novo documento com prioridades e diretrizes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) apontou a Rússia como uma “ameaça mais significativa e direta” à segurança dos Estados Unidos e seus aliados europeus”. A China foi citada nominalmente pela primeira vez. O país, que antes estava fora do foco de atuação da aliança atlântica, foi classificado que o classificou um desafio de defesa.
A aliança militar ocidental atualizou seu “conceito estratégico”, um documento que define sua estratégia militar e de segurança para os próximos dez anos, detalhando as ameaças que as democracias ocidentais enfrentam e explicando como pretende lidar com elas. Na opinião de analistas, trata-se de um texto que muda drasticamente a visão da Europa e dos Estados Unidos sobre suas relações com China e Rússia. O documento, aprovado por chefes de Estado e de governo dos 30 países que integram a Otan, não era revisto desde 2010.
Recentemente se dizia que a Otan tinha sofrido “morte cerebral”, mas a entidade ressurgiu após a invasão da Ucrânia comandada pelo presidente russo Vladimir Putin. Na Espanha, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que a Otan é “mais necessária agora do que nunca”.
Moscou considera a Otan uma ameaça. Recentemente, Putin acusou a entidade de ter “ambições imperiais” e de tentar afirmar sua “supremacia” por meio do conflito russo-ucraniano.
A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) é uma aliança militar fundada em 1949 por 12 países, incluindo EUA, Canadá, França e Reino Unido. Seus membros concordam em prestar ajuda mútua caso qualquer país da aliança seja atacado.
Críticas a China
Em relação ao governo de Pequim, o texto afirma que “as ambições declaradas e políticas coercitivas da República Popular da China (RPC) desafiam nossos interesses, segurança e valores. A RPC emprega uma ampla gama de ferramentas políticas, econômicas e militares para aumentar sua presença global e poder de projeção, mantendo-se opaca sobre sua estratégia, intenções e desenvolvimento militar”.
O texto diz também que a China “procura controlar os principais setores tecnológicos e industriais, infraestrutura crítica e materiais estratégicos e cadeias de suprimentos. Ela usa sua alavancagem econômica para criar dependências estratégicas e aumentar sua influência. Ela se esforça para subverter a ordem internacional baseada em regras, inclusive nos domínios espacial, cibernético e marítimo”.
A retórica é próxima à atualmente adotada pelos Estados Unidos, que desenvolvem uma política de rivalidade entre grandes potências, e pressionam os europeus para fazerem o mesmo. Como sinal da importância da competição com a China, Coreia do Sul e Japão foram convidados para participar da cúpula em Madri, assim como Nova Zelândia e Austrália.
O documento também menciona a possibilidade de relações construtivas com Pequim, o que pode ser entendido como resultado de pressões de membros europeus da aliança, sobretudo Berlim e Paris. Alemanha e França permanecem mais reticentes do que os Estados Unidos quanto à abordagem de hostilidades diretas contra a China, embora cada vez mais cedam à linha de Washington.
“Continuamos abertos a um envolvimento construtivo com a RPC, inclusive para construir transparência recíproca, com o objetivo de salvaguardar os interesses de segurança da aliança”, diz a ressalva.
Aumento do contingente
Durante a Cúpula de Madri, os líderes ocidentais anunciaram que as forças da Otan de prontidão subirão para 300 mil, de um atual contingente de 40 mil soldados. A este respeito, o conceito estratégico diz que os seus membros “reforçarão significativamente nossa postura de dissuasão e defesa para negar a qualquer adversário potencial quaisquer oportunidades possíveis de agressão. Para isso, iremos assegurar uma presença substancial e persistente em terra, no mar e no ar, incluindo através do reforço da defesa aérea e antimísseis integrada”.