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Brasil Coronavírus: médicos temem o que chamam de epidemia do medo

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O levantamento foi feito pelo portal Covid-19 Brasil. (Foto: Reprodução)

A pandemia do novo coronavírus trouxe, além da mudança do cotidiano e de incertezas, um efeito colateral cada vez mais nítido e que vem preocupando diretores de hospitais e estudiosos. Eles contam que pacientes crônicos, que sofrem com doenças que carecem de tratamento permanente,  e mesmo os de emergência, que em nada guardam relação com a Covid-19, estão evitando a ida a hospitais — especialmente na rede privada.

A vedação às cirurgias eletivas e o medo ao ambiente hospitalar já causam problemas de receita aos pequenos hospitais. Francisco Morato, presidente da Federação de Hospitais Privados do País, ressalta que há em hospitais privados de pequeno porte, com no máximo 100 leitos, uma média de 20% a 30% de capacidade ociosa.

A estimativa é centrada em cidades com menos de 500 mil habitantes, que perderam leitos SUS, por conta do fechamento paulatino de hospitais por mais de dez anos.  Ele ressalta, ainda, um temor de que, por conta da perda de receita, a decisão de se dar férias coletivas a funcionários, em plena epidemia do coronavírus, pode se torna realidade.

“O hospital privado tem um custo. Temos de funcionários a colaboradores. São 12,5 milhões em todo o País. Não vamos chegar ao final do mês assim”, afirma Morato.

Ilza Fellows, diretora-geral do Complexo Hospitalar de Niterói (CHN), referência em transplantes no País, vê uma “pandemia do medo” se instalando entre pacientes crônicos. O hospital tem cinco prédios, incluindo um de emergência cardiovascular.

“Percebemos um decréscimo muito grande nos pacientes crônicos. Outros deixam de procurar o hospital diante de alguma intercorrência. Vejo (o cenário) como uma pandemia do medo, o medo de se contaminar. No imaginário do individuo, o hospital é um local pra ele se contaminar”, sintetiza.

A diretora relata situações dramáticas, como a de uma criança que caiu, sentiu fortes dores no crânio, mas os pais a levaram ao hospital apenas quatro dias depois, com medo da pandemia. A criança ficou em estado grave e sobreviveu.

Mais triste foi a história de um outro paciente, de meia idade, que sentiu forte dor no peito. Se auto-diagnosticou como crise de ansiedade e não queria ir ao hospital por causa do coronavírus. Quando decidiu procurar assistência médica, morreu de parada cardiorrespiratória pouco depois de chegar a uma unidade.

“Os que optam por vir tentam omitir os problemas respiratórios para não entrar numa rota de tratamento do coronavírus’, relata a diretora, que completa: “Sinto algo lá dos tempos bíblicos. É como se, ao ter coronavírus, o paciente acreditasse estar condenado à exclusão. Algo como a lepra no passado. E muita gente infelizmente não quer mesmo ficar perto de quem já teve a Covid-19”.

O hospital também é reconhecido pelos transplantes de medula, hepático e o renal.

“Mas estamos fazendo menos transplantes porque o paciente fica imunodeprimido. Alguns têm janela mais larga, mas existe um limite no caso do transplante hepático. Ele tem que ser feito, ou a pessoa morre”, explica Ilza.

Espera fatal

Diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, o professor da USP Paulo Hoff lembra que as doenças continuarão agindo durante a pandemia:

“Sabemos que, para o paciente oncológico, a imunidade cai. Existe um temor de ir ao hospital. Mas, para muitos, não dá para esperar. Ainda não sabemos a dimensão exata da pandemia, mas temos certeza de que não fazer o tratamento é sempre pior. O paciente precisa entender que a doença não vai esperar o coronavírus passar — sintetiza Hoff, que suspendeu em fevereiro uma licença sabática para voltar à linha de frente da crise.

Mesmo antes da pandemia, a oncologia, nos setores público e privado, já oferecia opções de acompanhamento psicológico ao paciente.

“É da natureza humana que se tenha receio de se expor a algo que envolve sua saúde. Mas é preciso explicar ao paciente que é necessário. Que ele corre seríssimo risco se interromper tratamento”, sintetiza Hoff. “Existem situações em que o tratamento é inadiável. E é importante oferecermos tratamento sem risco.”

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https://www.osul.com.br/coronavirus-medicos-temem-o-que-chamam-de-epidemia-do-medo/ Coronavírus: médicos temem o que chamam de epidemia do medo 2020-04-13
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