Quarta-feira, 15 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 13 de abril de 2017
Se a delação da Odebrecht deixou o futuro da política nacional imprevisível, o passado ficou mais claro: a corrupção da Odebrecht vem desde a década de 1980, pelo menos. Do sambódromo ao metrô de São Paulo, passando por ferrovias e pela avenida Perimetral de Florianópolis, a empreiteira já desfilava vantagens indevidas a pessoas ligadas a Leonel Brizola, Paulo Maluf e outros políticos ao redor do País.
As revelações foram feitas pelo ex-presidente do grupo Pedro Augusto Ribeiro Novis. Em seu depoimento, o delator tratou de irregularidades praticadas pelo grupo nas décadas de 1980 e 1990 durante a gestão de Brizola, Maluf, Alvaro Dias, Marcelo Miranda, Orestes Quércia, Luiz Antônio Fleury e Esperidião Amim. “Segundo o colaborador, pessoas ligadas a essas autoridades teriam recebido vantagens indevidas por meio do Setor de Operações Estruturadas”, escreveu Fachin.
O ministro, no entanto, acatou o pedido do procurador-geral da República Rodrigo Janot pelo arquivamento dos pedidos de inquérito nesses casos. “As aludidas afirmações revelam-se insuficientes a demonstrar a prática de delito criminal, o que afasta o interesse do Ministério Público Federal em dar continuidade ao feito”, decidiu o ministro.
Segundo Janot, além da inexistência de provas apresentadas e tampouco sobre possíveis caminhos para apurar os crimes, não há viabilidade para que se desse andamento a uma investigação formal. “Ressalto, todavia, que o arquivamento deferido com fundamento na ausência de provas suficientes não impede o prosseguimento das investigações caso futuramente surjam novas evidências”, destacou Fachin.
Sem saber que havia sido citado, o deputado federal Paulo Maluf comemorou na terça-feira que não havia sido mencionado na lista de Fachin. “Também não estou na nova lista e eu já sabia, pois sempre ocupei cargos públicos para trabalhar pelo povo e as obras que fiz são minhas testemunhas de que trabalhei muito. O tempo é senhor da verdade e a população sabe disso. Maluf faz”, escreveu o deputado.
RIO DE JANEIRO
Gestão Leonel Brizola (83/86 – contratos para a realização do sambódromo e CIEPS)
SÃO PAULO
Paulo Maluf (80/82 – FEPASA, duplicação da Ferrovia Campinas/Santos e Usina Hidrelétrica de Nova Avanhandava)
Orestes Quércia (87/90 – vários contratos com o metro de São Paulo, Rodovia Carvalho Pinto)
Luiz Antônio Fleury (91/94 – continuidade das obras do governo anterior)
PARANÁ
Alvaro Dias (87/90 – campanha com frustração na obtenção de obras)
SANTA CATARINA
Espiridião Amin (87/90 – Avenida Perimetral em Florianópolis)
MATO GROSSO DO SUL
Marcelo Miranda (87/90 – contratação de diversos trechos rodoviários no MS)
(AG)