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Por Redação O Sul | 25 de julho de 2021
A cúpula da CPI da Covid definiu, em reunião virtual neste domingo (25), um calendário prévio para o retorno dos trabalhos da comissão em agosto, após o recesso parlamentar. A agenda prevê que, na semana da retomada, sejam ouvidos personagens centrais nas negociações de compra de vacinas pelo governo brasileiro.
Os depoimentos devem manter o foco na atuação da Precisa Medicamentos e da Davati Medical Supply, que atuariam como intermediárias para contratos da Covaxin e da Astrazeneca.
O roteiro foi discutido durante reunião por videoconferência, da qual participaram o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM); o vice-presidente Randolfe Rodrigues (Rede-AP); o relator Renan Calheiros (MDB-AL), além dos senadores Eduardo Braga (MDB-AM), Eliziane Gama (Cidadania-MA), Simone Tebet (MDB-MS), Otto Alencar (PSD-BA) e Humberto Costa (PT-PE).
Na reunião, ficou definido o seguinte calendário:
3 de agosto: votação de requerimentos e depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, que teria sido autorizado pelo governo a negociar 400 milhões de doses da Astrazeneca com a Davati;
4 de agosto: depoimento de Francisco Maximiano, sócio da Precisa Medicamentos;
5 de agosto: Túlio Silveira, advogado e representante da Precisa Medicamentos.
A Precisa Medicamentos era a intermediária do contrato do Ministério da Saúde com o laboratório indiano Bharat Biotech, fabricante da vacina Covaxin. O contrato foi suspenso em junho após denúncias de irregularidades.
Na última semana, a Bharat anunciou o fim do memorando de entendimento com a Precisa. Em resposta, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a autorização para testes clínicos do imunizante e encerrou a análise do pedido de uso emergencial das doses no Brasil.
Já o reverendo Amilton teria sido autorizado pelo Ministério da Saúde a negociar 400 milhões de doses da vacina da Astrazeneca com a empresa Davati. Essa negociação é alvo de uma denúncia de cobrança de propina, entre outras suspeitas – e até agora, não se sabe nem se a Davati tinha de fato alguma vacina para vender.
Já para a segunda semana de agosto, com data ainda a ser definida, os senadores preveem a oitiva do líder do governo na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR). O nome de Barros teria sido citado por Bolsonaro em reunião fechada sobre as supostas irregularidades no Ministério da Saúde.
A lista de requerimentos a serem votados nessa retomada dos trabalhos deve ser definida em uma nova reunião, convocada para esta semana. Durante o recesso parlamentar, técnicos da CPI têm trabalhado para analisar os quase 2 terabytes (2 mil gigabytes) que já foram recebidos.
A ideia é que os coordenadores de cada núcleo de investigação – são sete, ao todo – indiquem os próximos passos necessários, que podem incluir quebras de sigilo ou novas convocações, por exemplo.
Próximas semanas
Também em reunião neste domingo, os senadores rascunharam um calendário para o mês de agosto conforme as diferentes linhas de investigação. A ideia é criar um foco distinto para cada semana de trabalhos:
Primeira semana: Precisa Medicamentos e Davati
Segunda semana: Ricardo Barros e a empresa VTCLog
Terceira semana: disseminação de fake news ligadas à Covid
Quarta semana: gestão dos hospitais federais do Rio de Janeiro
Entre o final de agosto e o início de setembro, os senadores devem se debruçar sobre a possibilidade de ouvir novamente alguns dos depoentes que já compareceram à comissão.
“Temos a ideia de ouvir de novo algumas pessoas, como o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o então secretário-executivo da pasta, Elcio Franco”, afirmou o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues.
Ainda de acordo com o senador, também podem ser novamente convocados o ex-diretor de Logística do ministério Roberto Dias e a secretária de Gestão do Trabalho da pasta, Mayra Pinheiro.
“Teremos uma última semana de agosto com reconvocações e, aí, caminhamos para o fim. Avalio que em meados de setembro temos um relatório”, disse Randolfe.