Quarta-feira, 19 de novembro de 2025

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Economia “Crédito fantasma”: Banco de Brasília injetou R$ 16,7 bilhões no Banco Master

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BRB tentou fechar acordo para comprar o Banco Master, com apoio do governador do DF, Ibaneis Rocha (foto). (Foto: Agência Brasil)

A investigação da Polícia Federal (PF) que levou à prisão do dono do Banco Master, Daniel Vorcaro, nessa terça-feira (18), encontrou indícios de que os dirigentes do Banco de Brasília (BRB) cometeram gestão fraudulenta da instituição.

O Ministério Público Federal identificou “indícios de participação consciente dos dirigentes do BRB no suposto esquema fraudulento engendrado pelos gestores do Banco Master”.

Ao longo de meses, o BRB tentou fechar um acordo para comprar o Banco Master. A operação tinha o apoio do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), mas foi barrada pelo Banco Central.

Segundo o documento, o BRB injetou R$ 16,7 bilhões no Master entre 2024 e 2025. Desses, pelo menos R$ 12,2 bilhões envolvem operações em que há fortes indícios de fraude. Os investigadores ainda apuram “as razões pelas quais o BRB desconsiderou irregularidades graves nas operações”.

Mas, pela investigação até aqui, já afirmam ver indícios de que “o BRB buscou amparar o Banco Master em sua crise de liquidez”.

Em linhas gerais, segundo as investigações:

O Banco Master emitiu R$ 50 bilhões em certificados de depósito bancário (CDBs, um tipo de título financeiro) prometendo juros acima das taxas de mercado e sem comprovar que tinha liquidez, ou seja, que conseguiria pagar esses títulos no futuro.

Para reforçar essa impressão de liquidez, o Master aplicou parte do dinheiro dos CDBs em ativos que não existem, comprando créditos de uma empresa chamada Tirreno.

O Master não pagou nada por essa compra, mas logo em seguida vendeu esses mesmos créditos ao BRB – que pagou R$ 12,2 bilhões, sem documentação, para “socorrer” o caixa do Banco Master.

Essas transações aconteceram no mesmo período em que o BRB tentava comprar o próprio Banco Master – e convencer os órgãos de fiscalização de que a transação era viável e não geraria risco aos acionistas do BRB, incluindo o governo do DF.

A atuação dos dirigentes dos bancos teria, segundo o MP, “ocasionado prejuízos à higidez do Sistema Financeiro Nacional, e principalmente à própria instituição por eles administrada, havendo indícios de cometimento por parte dos gestores do BRB do crime previsto no artigo 4° da Lei 7.492/86”.

O artigo citado pelo MP diz respeito ao crime de “gerir fraudulentamente instituição financeira”. É um crime contra o sistema financeiro nacional, com pena prevista de 3 a 12 anos de reclusão e multa.

Em um dos trechos do documento obtido pela TV Globo, o MPF relata que:

o Banco Master comprou carteiras de crédito de uma empresa chamada Tirreno – mas não fez nenhum pagamento, porque a existência dos créditos não foi confirmada;

em seguida, o Master revendeu esses mesmos créditos ao BRB – e recebeu R$ 12,2 bilhões por eles. O valor incluiu R$ 6,7 bilhões pelas carteiras e R$ 5,5 bilhões como “prêmio”.

“A solução do Grupo Master para aportar recursos muito superiores à sua produção histórica, e que fossem capazes de cobrir o rombo de 12 bilhões, constituiu em se associar, ilicitamente, a uma Sociedade de Crédito Direto, com o objetivo de inflar seu patrimônio artificialmente, por meio da aquisição de carteiras de créditos inexistentes e revendê-las ao BRB”, diz a decisão.

O BRB só decidiu desfazer o negócio depois que os R$ 12,2 bilhões já tinham sido transferidos. E mesmo assim, seguiu transferindo recursos para o Banco Master por conta de outros créditos bancários.

“Importa registra que, consoante resumo de operações realizadas entre Master e BRB, apenas entre os meses de julho de 2024 e 3/10/2025, foram transferidos ao grupo Master o correspondente a R$ 16.717.138.715,05 pelo BRB”, diz o MPF no documento.

Segundo o Banco Central, entre maio e abril deste ano, o BRB recebeu outros R$ 4 bilhões em carteiras de crédito do Banco Master, e pagou os respectivos prêmios à instituição.

Para os investigadores, a postura do BRB “configura indício relevante de que a instituição pública buscou amparar o Banco Master em sua crise de liquidez”.

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https://www.osul.com.br/credito-fantasma-banco-de-brasilia-injetou-r-167-bilhoes-no-banco-master/ “Crédito fantasma”: Banco de Brasília injetou R$ 16,7 bilhões no Banco Master 2025-11-18
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