Quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 7 de julho de 2019
A indústria automobilística espera compensar no mercado brasileiro um grande volume de veículos que deixarão de ser exportados por conta da crise na Argentina. A esperança dos dirigentes do setor é que o segundo semestre traga um clima econômico mais favorável que o primeiro, o que pode levar para as revendas consumidores que têm adiado a troca de carro em razão das incertezas no ambiente político-econômico.
O plano de escoar para o mercado interno parte da produção inicialmente programada para a Argentina exigirá não só ambiente de negócios mais favorável como um esforço adicional da indústria. A nova estimativa da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes e Veículos Automotores) é exportar 450 mil unidades – 140 mil menos que o previsto em janeiro.
A projeção inicial, que já embutia eventuais perdas com a Argentina, indicava uma retração de 6,2% em comparação com os embarques de 2018. O novo cálculo aponta para uma queda de 28,5% na mesma base de comparação. A Toyota decidiu encerrar o terceiro turno na fábrica de Sorocaba (SP), apontando a queda das vendas para a Argentina como principal motivo. A medida e o início do processo de desligamento dos funcionários da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo, que será fechada, refletiu-se no nível de emprego do setor. Total de 800 vagas foram fechadas na indústria automobilística em junho.
Em um ano, a crise na Argentina, que absorve 57% das exportações de veículos do Brasil, derrubou a expansão registrada no mercado externo durante o período de crise no Brasil. O volume de vendas ao exterior no primeiro semestre – 221,9 mil unidades – representou queda de 41,5% na comparação com o mesmo período de 2018 e fez a exportação de veículos voltar a nível abaixo de três anos atrás. Como a recuperação do país vizinho não acontecerá tão cedo, na visão dos dirigentes do setor, porque depende, ainda, do resultado da eleição presidencial, em outubro, o remédio é apostar na recuperação brasileira.
O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, diz que a entidade aposta nesse “segundo tempo” do ano no país. Por isso, decidiu não mexer na projeção de produção para o ano, de 3,14 milhões de veículos, um aumento de 9% em relação ao volume de 2018. O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, diz que a entidade aposta nesse “segundo tempo” do ano no país. Por isso, decidiu não mexer na projeção de produção para o ano, de 3,14 milhões de veículos, um aumento de 9% em relação ao volume de 2018. Caso não consiga compensar no mercado interno o que será perdido no externo, a produção tende a não passar de 3 milhões de unidades.
O automotivo mostra, no mercado interno, mais fôlego do que outros setores. A Fenabrave, entidade que representa os concessionários, reclama do excesso de vendas diretas – das montadoras para frotistas e locadoras. Mas Moraes diz que os revendedores têm de se adequar à “tendência mundial de mudanças na comercialização de veículos”.
Nos sete anos em que vigorará o regime de cotas, a Europa poderá exportar 50 mil veículos por ano para o Mercosul com alíquota mais baixa, de 17,5%. Acima desse limite vale o índice atual, de 35%. Desses 50 mil, 32 mil poderão ser vendidos no Brasil. O Mercosul não terá limite de exportação de veículos para o mercado europeu.