Terça-feira, 30 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2017
A atual crise política acentuou o risco, até então aventado por poucos economistas, de que o Brasil mergulhe em uma nova recessão sem nem ter saído direito da que se estendeu por 11 trimestres até o fim de 2016. Ao acertar o presidente Michel Temer, a delação do empresário Joesley Batista, do grupo JBS/Friboi, deve atingir também a confiança de consumidores, empresários e investidores, que vinha sendo retomada, funcionando como um dos principais motores da morna recuperação econômica dos últimos meses.
Esse perigo existe porque as causas para o otimismo incipiente em relação ao Brasil – inflação e juros em queda e expectativa de aprovação de reformas – podem sofrer um revés com a percepção de uma eventual saída de Temer.
Tal reversão tende a ser severa porque, em momentos de incerteza grande, a fuga de recursos do mercado financeiro exacerba as variações de indicadores importantes, como a taxa de câmbio e os preços de ações negociadas na Bolsa de Valores. Movimentos desse tipo costumam ter efeito-cascata sobre a economia. A desvalorização da moeda, por exemplo, normalmente se traduz em inflação mais alta, diminuindo o poder de compra da população.
Nos últimos meses, os economistas repetiam que, se as reformas empacassem, as contas do governo sofreriam forte deterioração, o que poderia levar à percepção de insustentabilidade da dívida pública brasileira. Se esse pior cenário se concretizar, o Brasil pode não apenas voltar a mergulhar na recessão como demorar um bom tempo para sair dela novamente.