Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 11 de outubro de 2017
Nessa quarta-feira, véspera da feriado nacional, os advogados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediram a presença de um perito para testemunhar a entrega, ao juiz federal Sérgio Moro (responsável pelos processos em primeira instância da Operação Lava-Jato), dos recibos originais de pagamento de aluguel do apartamento que ele ocupa em São Bernardo, vizinho ao imóvel em que reside.
Na terça-feira, o magistrado determinou que a defesa do líder petista informe, no prazo de até cinco dias, se de fato dispõe dos originais desses comprovantes. A defesa já havia atendido a essa solicitação, mas por meio eletrônico, sem apresentação de cópia em papel.
De acordo com o MPF (Ministério Público Federal) os recibos são “ideologicamente falsos” e quer a realização de uma perícia nos papéis. Os investigadores argumentam que Lula não pagou para ocupar o imóvel – que seria, na verdade, uma das vantagens recebidas indevidamente da empreiteira Odebrecht pelo ex-presidente, oriundas de fraudes em contratos da Petrobras.
A denúncia do MPF sugere que o imóvel foi comprado por Glaucos da Costamarques, a pedido do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula. Ambos também são alvo de investigação por parte da força-tarefa.
Petição
Em uma petição apresentada nessa quarta-feira, os advogados de Lula asseguram que “há, sim, disponibilidade das vias originais do contrato de locação e de 26 recibos”, já apresentados à Justiça mediante cópia digitalizada. Argumentam, ainda, que já foram localizados outros seis recibos originais e que eles serão entregues a Moro, para que o juiz possa determinar as respectivas perícias.
Os advogados pedem, no entanto, que esse procedimento seja levado a cabo em uma audiência formal e também na presença de um perito, que emitiria uma certidão comprovando “o estado do material no momento da entrega – como, por exemplo, a ausência de rasuras”. Eles alegam que tal medida é “necessária à perfectibilização da contraprova” no âmbito do processo.
Com isso, os advogados manifestam – direta ou indiretamente – o receio de que os documentos sejam rasurados ou danificados depois da entrega oficial, já que serão manuseados por mais de uma pessoa. De acordo com as alegações apresentadas na petição, “um eventual acondicionamento incorreto, por exemplo, poderia alterar os originais, com prejuízos à apuração da verdade real”.
A defesa de Lula também ressaltou, no mesmo texto, esperar que o homem forte da Lava-Jato compreenda a alegada “necessidade de cautela por parte da defesa, nestes tempos que correm”.