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Por Redação O Sul | 24 de março de 2017
O empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou, em seu depoimento ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), que a ex-presidente Dilma Rousseff tinha conhecimento do uso de dinheiro de caixa dois para pagar o marqueteiro João Santana, responsável por sua campanha à reeleição em 2014. O empresário também disse que não chegou a conversar diretamente com ela sobre esse assunto.
Trechos do depoimento que incriminam Dilma e outros petistas — como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ex-ministros Antonio Palocci, Guido Mantega e Paulo Bernardo — foram divulgados na quinta-feira (23). Nesses trechos, há apenas uma menção ao presidente Michel Temer, que foi vice de Dilma até ela sofrer o impeachment, no ano passado.
Como Dilma não é mais presidente, na prática a ação em curso no TSE pode levar à cassação do mandato de Temer. Mas o empresário negou ter tratado de repasse de dinheiro para campanhas diretamente com o presidente. Segundo Marcelo, a negociação foi com um aliado próximo de Temer, o atual ministro da Casa Civil Eliseu Padilha.
“A Dilma sabia da dimensão da nossa doação, e sabia que nós éramos quem doa… quem fazia grande parte dos pagamentos via caixa dois para João Santana. Isso ela sabia”, disse Marcelo no depoimento.
O ministro Herman Benjamin, relator da ação no TSE que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, questionou então se Marcelo alertou Dilma sobre pagamento por caixa dois. “O que Dilma sabia era que a gente fazia, tinha uma contribuição grande. A dimensão da nossa contribuição era grande, ela sabia disso. E ela sabia que a gente era responsável por muitos pagamentos para João Santana. Ela nunca me disse que ela sabia que era caixa dois, mas é natural, é só fazer uma… Ela sabia que toda aquela dimensão de pagamentos não estava na prestação do partido”, respondeu o empreiteiro.
Em nota, Dilma negou as acusações e pediu que seja investigado como um depoimento sigiloso se tornou público. (AG)