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Mundo Disputas políticas e acusações de má gestão na pandemia deixam o presidente do Paraguai à beira de um impeachment

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Manifestantes pedem renúncia de Mario Abdo Benítez, acusado de ser responsável pela falta de vacinas contra covid no país. (Foto: Reprodução)

Na semana passada, em meio a manifestações de médicos e parentes de contagiados pelo coronavírus, incluindo denúncias de escassez de medicamentos, o presidente paraguaio Mario Abdo Benítez afirmou que, se for infectado, recorrerá ao sistema público de saúde que, segundo ele, ainda não entrou em colapso. No dia seguinte, milhares de paraguaios saíram às ruas para pedir o seu impeachment.

Seu futuro imediato depende agora, mais uma vez, de seu arqui-inimigo dentro do poderoso Partido Colorado, o ex-presidente Horacio Cartes (2013-2018).

Para entender o que está acontecendo no Paraguai é preciso diferenciar duas frentes de conflito do governo, que avançam em paralelo. A crise sanitária que o presidente insiste em negar (com um discurso totalmente descolado da realidade, a exemplo de seu colega brasileiro Jair Bolsonaro) é profundamente delicada.

E o drama da pandemia por ele minimizado acabou se tornando a desculpa perfeita para que seus opositores, dentro e fora do Partido Colorado, voltem à carga com um pedido de impeachment.

Parentes de pacientes internados com Covid-19 reclamam da escassez de remédios em hospitais públicos. Em Assunção, as vítimas do desabastecimento hospitalar asseguram que são obrigadas a gastar, em alguns casos, em torno de US$ 200 para que seus parentes possam continuar em tratamento. Faltam remédios para realizar intubações, por exemplo.

O programa de vacinação também é desastroso. Até agora, o Paraguai vacinou menos de 1% de seus 7,1 milhões de habitantes. Chegaram ao país apenas 4 mil doses da vacina russa Sputnik. Os imunizantes comprados pelo país através da iniciativa Covax (criada pela Organização Mundial da Saúde em 2020) ainda não foram enviados.

Segundo associações de médicos e enfermeiros que participaram de recentes protestos em ruas da capital, vários hospitais públicos estão com ocupação de quase 100% de seus leitos de UTI. Segundo dados oficiais, dos quais setores da oposição desconfiam, o país já registrou 3.294 óbitos e 166.969 casos de contágio.

Depois de um período de isolamento social (primeiramente muito rígida e que durou sete meses, em 2020), o Paraguai reabriu suas fronteiras e iniciou uma fase de afrouxamento das medidas de prevenção dos contágios a partir de outubro.

A situação sanitária se manteve controlada durante algum tempo, mas, no início de 2021, começaram a surgir fortes questionamentos ao ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, que acabou sendo afastado do cargo em meio aos protestos da semana passada.

Sob forte pressão política e popular, o presidente exigiu que todo o gabinete colocasse seus cargos à disposição. Foram trocados os ministros da Educação, Mulher e o Gabinete Civil. O chefe de Estado informou no sábado que outras mudanças ainda serão estudadas.

Mas a crise não é apenas sanitária. Em 2019, Benítez escapou por pouco de ser destituído do cargo. A acusação era de traição à pátria, por uma negociação com o Brasil sobre a energia elétrica gerada pela usina binacional de Itaipu.

Para a oposição paraguaia, o governo de Abdo Benítez foi “entreguista” e aceitou condições favoráveis ao Brasil. Nos 45 minutos do segundo tempo, Cartes, que é senador vitalício e controla grande parte da bancada colorada na Câmara e no Senado, decidiu socorrer o presidente.

Segundo rumores que circulam no país, o ex-presidente estaria por trás da crise sanitária (alguns hospitais onde faltam remédios são dirigidos por pessoas próximas a Cartes) e dos protestos que ameaçam o futuro de seu rival colorado. Teorias da conspiração ou realidade, os comentários são intensos entre políticos paraguaios.

Afastamento

Julgamentos políticos costumam ser rápidos no país e o desfecho da crise deve ocorrer nos próximos dias. Para aprovar um pedido de impeachment na Câmara, são necessários 53 votos, de um total de 80 cadeiras. O Partido Colorado (leia-se Cartes), tem 47. Em um segundo momento, a destituição é decidida pelo Senado e são necessários 30 votos a favor, de um total de 45. O partido governista tem 18 senadores.

O Paraguai já teve outros meses de março conturbados. Em 1999, o então vice-presidente colorado Luis Maria Argaña foi assassinado, fato que desencadeou uma profunda crise política. E na marcha da última sexta-feira, uma pessoa morreu e 18 ficaram feridas.

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