Domingo, 19 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 21 de abril de 2020
"Projeções são uma maneira de identificarmos cenários para a evolução da Covid-19", disse Leite durante atualização diária.
Foto: Gustavo Mansur/Palácio PiratiniDesde o mês passado, com a implantação da primeiras medidas de combate à propagação do coronavírus, o governo do Rio Grande do Sul garante estar tomando decisões com base em evidências científicas e análise de dados. Uma dessas projeções sugere que, sem as medidas de distanciamento social, o número de óbitos pela doença chegaria a 354 no fim de abril. Já com o isolamento social, esse número cai para 62 – ou seja, 292 vidas preservadas.
O estudo, realizado pela Seplag (Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão), com participação de equipe técnica da Secretaria Estadual da Saúde e da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul). Objetivo: obter projeções sobre aspectos como a necessidade de leitos (clínicos e de UTI) e quantidade de possíveis óbitos em território gaúcho durante a pandemia.
“Como estamos preparando uma migração para um distanciamento controlado, cujas regras ainda estão sendo debatidas, dependemos da consolidação de dados de ocupação de leitos”, declarou o chefe do Executivo, durante mais uma de suas transmissões diárias ao vivo. “As projeções são uma maneira de identificarmos todos os cenários possíveis para a evolução da Covid-19 no Estado.”
No que se refere à procura por leitos hospitalares, o estudo prevê que, com o distanciamento social, uma demanda por leitos de UTI acima da capacidade disponível será registrada a partir do começo de junho. Sem as medidas, no entanto, essa dificuldade já começaria a ser sentida no começo de maio.
Metodologia
O modelo epidemiológico considera a mudança de estado dos indivíduos ao longo do tempo, sendo as principais etapas chamadas de suscetíveis, expostos, infectados e recuperados – cujas iniciais dão nome ao modelo (SEIR).
Para as projeções, o modelo leva em conta características demográficas do Estado, como população e distribuição de idade, além de indicadores do sistema de saúde, como o número de leitos disponíveis (clínicos e de UTI).
Além da taxa de transmissão, que reflete o número médio de casos novos que cada pessoa infectada gera, também são considerados parâmetros epidemiológicos da doença como o tempo de latência, o período infeccioso e a duração da internação hospitalar. Os valores utilizados para esses parâmetros foram obtidos por meio de artigos científicos internacionais publicados sobre o tema.
“O SEIR tenta modelar a realidade de como a epidemia está avançando no Rio Grande do Sul, com base em diversos parâmetros. O principal deles é a taxa de transmissão, que faz muita diferença no número de infectados”, explica o estatístico Pedro Zuanazzi, um dos coordenadores da Célula de Projeções Epidemiológicas do GT (Grupo de Trabalho) Saúde.
O modelo de cálculo, no entanto, é bastante sensível às estratégias de isolamento. “Se, a partir de agora, a taxa de isolamento subir ou cair, causa uma diferença enorme na taxa de transmissão e na projeção de número de casos, e projetar essa variação na taxa de isolamento é o mais difícil”, pondera Zuanazzi.
Estima-se que as medidas de mitigação adotadas até o momento tenham chegado a uma redução de contágio de quase 50% no final de março. Para estimar a redução na transmissão, foram utilizados dados de mobilidade obtidos do Google, considerando que 1/3 do contato ocorre nas residências, 1/3 na comunidade e 1/3 nas escolas/trabalho.
Para fazer as projeções do modelo apresentadas, o grupo técnico responsável utilizou uma ferramenta disponível on-line em https://covid19-scenarios.org.
Nas próximas semanas, o estudo será atualizado de acordo com os resultados das coletas da pesquisa coordenada pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel), com os dados de óbitos e de internações hospitalares, e com a elaboração de cenários regionalizados para o Rio Grande do Sul.
Aquisição de EPIs
Ainda durante a transmissão ao vivo, Leite também anunciou a conclusão do processo de aquisição de EPIs (equipamentos de proteção individual), com investimento de cerca de R$ 32 milhões.
Além de 2.576 testes rápido para diagnóstico de coronavírus, o Estado comprou máscaras, luvas, álcool 70%, óculos protetores, termômetros clínicos, toucas cirúrgicas, aventais, sapatilhas (propés), macacões, botas de borracha, entre outros. Os materiais foram adquiridos via dispensa de licitação.
Parte dos materiais será designado à Secretaria de Saúde para o estoque regulador e redistribuição de acordo com o que for necessário nas regiões. Uma parte também irá para a Secretaria da Segurança Pública e para outras pastas.
(Marcello Campos)