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Por Redação O Sul | 24 de novembro de 2020
Mais de duas semanas depois de a vitória do democrata Joe Biden nas eleições presidenciais nos Estados Unidos ter sido projetada, em 7 de novembro, o governo de Donald Trump finalmente deu sinal verde para o início da transição formal do poder. A decisão, na prática, equivale a um reconhecimento da derrota do republicano, embora ele afirme que continuará tentando reverter o resultado das urnas com ações judiciais.
No final da tarde de segunda-feira (26), a Administração Geral de Serviços (GSA), responsável pelo gerenciamento de recursos financeiros e humanos para a transição, enviou uma carta à campanha de Biden anunciando que a verba estava disponível para ser usada. Até agora, a agência vinha se recusando a tomar a decisão, alegando que a vitória do democrata ainda não era oficial.
Pouco depois de a carta vir a público, Trump foi ao Twitter afirmar que o sinal verde para o início da transição havia partido da Casa Branca. O presidente ainda sugeriu que a chefe da GSA, Emily Murphy, foi alvo de “assédios, abusos e ameaças” nos dias que antecederam o anúncio.
“Quero agradecer a Emily Murphy da GSA por sua dedicação e lealdade a nosso país. Ela foi assediada, ameaçada e abusada — e não quero ver isso acontecer com ela, sua família ou os funcionários da GSA. Nosso caso continua fortemente, e vamos manter a boa luta, e acredito que vamos vencer. De toda forma, no melhor interesse do país, recomendo que Emily e sua equipe façam o que precisa ser feito sobre os protocolos iniciais, e pedi que minha equipe faça o mesmo”, publicou Trump na rede social.
Na carta da GSA à campanha de Biden, Murphy diz que jamais foi pressionada pela Casa Branca em relação ao timing de sua decisão, que ela afirma ter sido tomada “com base na lei e nos fatos disponíveis”. Mesmo tornando disponíveis os recursos destinados para a transição, Murphy afirma que a agência “não aponta ou certifica o vencedor de uma eleição”, acrescentando que o vencedor será apontado “pelo processo eleitoral determinado pela Constituição”.
Na primeira reação depois do anúncio, representantes de Joe Biden celebraram a oportunidade de uma “transição pacífica” e afirmaram que vão se reunir com integrantes do governo para “discutir a resposta à pandemia, tomar conhecimento dos interesses de segurança nacional e entender de forma ampla os esforços do governo Trump para esvaziar as agências governamentais”. Até agora, o republicano também havia proibido os contatos entre integrantes do seu governo e a equipe do sucessor.
Pouco antes da divulgação da carta da GSA e do tuíte de Trump, o presidente havia sofrido mais uma derrota em sua ofensiva judicial e política para reverter o resultado da eleição, na qual Biden teve 79,8 milhões de votos populares e 306 votos no Colégio Eleitoral, 36 a mais do que o necessário para a vitória.
As autoridades eleitorais de Michigan certificaram no meio da tarde de segunda a vitória local de Biden, garantindo ao democrata os 16 votos do estado no Colégio Eleitoral. Segundo a legislação americana, a certificação dos resultados da eleição presidencial deve ser feita em todos os estados até 8 de dezembro, seis dias antes da reunião dos delegados ao Colégio Eleitoral.
Como era esperado, a comissão certificadora de Michigan considerou que os números da apuração estavam corretos e que não havia questões que pusessem o resultado em dúvida: foram três votos a favor e uma abstenção — a comissão é formada por dois democratas e dois republicanos. Biden venceu Trump por mais de 155 mil votos no Estado.
Em ações judiciais que foram rejeitadas, Trump e seus advogados haviam apontado supostas fraudes em Michigan. Em outra frente, o presidente tentou influenciar os parlamentares republicanos locais para que ignorassem o resultado da votação e nomeassem seus próprios delegados ao Colégio Eleitoral, mas a iniciativa também fracassou.
A certificação do resultado também já ocorreu na Geórgia, onde Trump pediu uma recontagem que não alterou sua derrota.
A Pensilvânia certificou, nesta terça-feira (24), a vitória de Biden no Estado, cujos 20 delegados no Colégio Eleitoral eram fundamentais para as malsucedidas manobras jurídicas do presidente Donald Trump para tentar reverter sua derrota nas urnas. A confirmação da vitória democrata dificulta ainda mais os entraves impostos pelo atual presidente.
Horas mais tarde, foi a vez de a secretária de Estado de Nevada, Barbara K. Cegavske, anunciar a certificação de Biden no Estado.