Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 26 de julho de 2018
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva “só tem chance de sair da cadeia se a gente assumir o poder e organizar a carga. Botar juiz para voltar para a caixinha dele, botar o Ministério Público para voltar para a caixinha dele e restaurar a autoridade do poder político”, afirmou o presidenciável do PDT, Ciro Gomes, em entrevista a uma TV do Maranhão, no dia 16 deste mês.
Nessa quinta-feira, durante convenção estadual do PDT na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), porém, ele disse a jornalistas que o que queria dizer com essa declaração “é simples”: “A liberdade do Lula só será restaurada com a restauração do estado de direito democrático que perdemos na esteira de um golpe. Mas não é a liberdade do Lula, é a regularidade do império da Lei”.
Ciro criticou a execução da pena após condenação em segunda instância, considerando a previsão de que um réu possa recorrer em quatro instâncias do judiciário. Disse, também, que se considerava um prodígio por ter feito a imprensa requentar uma entrevista que concedeu há 12 dias a um “modesto repórter do Maranhão”.
“O resto é intriga. Esses jornalões acham que vão me intrigar porque uma parte do baronato que eles frequentam é hostil ao Lula. E eu sou antagônico ao Lula também. Sou candidato, contra o candidato do PT e tenho sido alvo do PT. Mas eu defendo a verdade”, afirmou, e logo encerrou a entrevista coletiva aos jornalistas.
Minutos antes, o presidenciável tinha criticado supersalários de juízes e o auxílio-moradia que a categoria recebe. Ele respondia a uma pergunta sobre mudanças que faria na Constituição, caso fosse eleito. Afirmou que pretende alterar o texto para empreender uma reforma fiscal, “redesenhar o pacto federativo e recompor as instituições”.
Ciro Gomes esteve em São Paulo para a convenção que anunciou o apoio de seu partido à reeleição do governador Márcio França (PSB), cortejado para um apoio nacional a sua candidatura. Ele se desencontrou de França na Assembleia, mas comentou que esteve recentemente com o governador no Bandeirantes, onde almoçaram.
Vice
O empresário Josué Gomes, que oficializou nessa quinta-feira a sua recusa em ser vice na chapa do pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, foi vítima de uma armadilha por parte dos partidos que integram o Centrão nas eleições 2018, afirmou Ciro Gomes.
“Na medida em que ele foi orientado por Lula a entrar no PR, ele entrou numa armadilha”, disse o pedetista, que participou, em São Paulo, da convenção estadual do partido. Ciro, que também sondou o empresário para vice, voltou a elogiar Josué, mas disse entender, no entanto, que a notícia da recusa tem pouco a ver com a sua campanha.
Josué, que é filho do ex-vice-presidente de Lula, José Alencar, foi anunciado como o nome do Centrão na semana passada para compor a chapa com o tucano. No entanto, ele declinou do convite, um movimento que foi oficializado com uma carta de quatro parágrafos nesta quinta-feira. Nela, o herdeiro da Coteminas disse ter declinado por “motivos pessoais”.
Ciro, que até meados da semana passada também esteve próximo de fechar com o Centrão, disse que “jamais” esteve em seus planos estratégicos fazer uma aliança “com essa gente”. “Eles que me procuraram, que toparam conversar comigo”, disse.
O pedetista negou também que a polêmica entrevista a uma TV no Maranhão, em que disse ser necessário o colocar juízes e o Ministério Público “na caixinha”, tenha causado estremecimentos em sua campanha. “Nao que eu saiba”, desconversou.
A polêmica levantada com a entrevista concedida no último dia 16 à TV Difusora, do Maranhão, causou desconforto na campanha e levou Ciro a ameaçar desistir da própria candidatura. Ele teria sido contido com a ajuda de seu irmão, o ex-governador do Ceará Cid Gomes.