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Saúde É falso que a ivermectina tenha maior eficácia contra o coronavírus do que contra a sarna

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Assim como a cloroquina, a ivermectina é comprovadamente ineficaz no tratamento da covid-19. (Foto: Divulgação)

Uma publicação falsa nas redes sociais usa dados incorretos para afirmar que a ivermectina tem eficácia maior contra a covid-19 do que contra escabiose (sarna). A postagem questiona o fato de a OMS (Organização Mundial de Saúde) considerar a ivermectina um medicamento essencial contra doenças parasitárias como sarna e piolho e, ao mesmo tempo, não recomendar o uso do remédio no combate ao coronavírus.

Ocorre que o uso de ivermectina contra escabiose é apoiado por evidências robustas; quanto à aplicação contra covid-19, a OMS apontou um baixo nível de evidências, devido ao “tamanho dos ensaios e às limitações metodológicas dos dados disponíveis”.

A postagem analisada alega que, para a escabiose, a OMS “aprovou a ivermectina com 6 estudos, 613 pacientes e 35% de efetividade”. Para a covid-19, a entidade “não aprovou a ivermectina com 49 estudos, 15.752 pacientes e 72% de eficácia”. Esses dados não estão corretos.

Um documento mostra o conjunto de evidências que levou a OMS a recomendar o uso de ivermectina para tratamento de sarna. Nas páginas 213 a 217, são listados os estudos considerados — não constam os “35% de efetividade” citados no post viral. De acordo com a OMS, a quantidade de pesquisas não é, por si só, referência para comprovação de efetividade do uso de um medicamento para tratar ou prevenir doenças.

O documento mostra que, em 2018, foram realizadas revisões sistemáticas com 15 estudos, com um total de 1.896 participantes, comparando remédios antiparasitários para o tratamento da sarna, entre eles a ivermectina. A porcentagem de pacientes que sararam após o uso do medicamento variou entre 68% e 86%.

A conclusão do Comitê de Especialistas em Seleção e Uso de Medicamentos Essenciais da OMS é que o medicamento deveria ser incluído na lista principal para o tratamento da sarna. “O Comitê observou que o tratamento com ivermectina oral está associado a uma eficácia comparável às terapias tópicas e tem segurança aceitável”, informa o documento.

O dermatologista integrante da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) Lucas Miranda explica que o tratamento da escabiose nem sempre será através de medicação oral, que é o caso da ivermectina. Prescreve-se também a aplicação de determinados medicamentos de uso tópico, ou seja, aplicados diretamente na pele.

“A prescrição da ivermectina é dividida em duas doses de 0,2mg/kg com uma semana de intervalo entre cada uma”, disse Miranda. “Antes de começar o tratamento com qualquer medicamento, a pessoa deve ser avaliada por um dermatologista para que seja identificada a abordagem mais adequada.”

Em março deste ano, após revisar dados agrupados de 16 ensaios clínicos randômicos com 2.407 participantes, a OMS anunciou que as evidências atuais sobre o uso de ivermectina para tratar pacientes com covid-19 são inconclusivas. Atualmente, a entidade recomenda o uso do medicamento apenas para ensaios clínicos. Na dosagem reconhecida como segura, a ivermectina não apresentou vantagem de tratamento.

A conclusão do grupo de especialistas é que são necessários mais estudos e dados sobre o uso da ivermectina para o tratamento da doença causada pelo coronavírus. De acordo com os pesquisadores, não é possível afirmar que o fármaco “reduz a mortalidade, a necessidade de ventilação mecânica, a necessidade de internação hospitalar e o tempo para a melhora clínica” em pacientes com a doença.

A OMS esclareceu que não realiza estudos para aprovação ou reprovação de medicamentos. Os remédios recomendados para uma determinada doença são avaliados por um comitê com diversos especialistas do mundo todo.

Até o momento, não existem evidências científicas confiáveis que comprovem que a ivermectina funcione contra a covid-19.

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