Terça-feira, 06 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 1 de janeiro de 2022
Com inflação em alta e juros subindo, projeções para a economia brasileira em 2022 estão cada vez piores.
Foto: EBCO Brasil terá mais um ano perdido na economia em 2022. No cenário mais positivo traçado pelos analistas, a atividade econômica vai ficar estagnada neste ano. Mas o desempenho do país pode ser ainda pior: não há quem descarte uma leve recessão.
No relatório Focus, do Banco Central, as projeções de mais de uma centena de analistas deixam evidente como os números de 2022 estão cada vez piores. Os economistas chegaram a prever um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2,5%, mas, agora, enxergam uma alta bem mais modesta, de apenas 0,42%.
E por que esse cenário se materializou?
Piora das expectativas
As expectativas econômicas para 2022 pioraram depois que o governo decidiu alterar a regra de teto dos gastos por meio da proposta de emenda à Constituição (PEC) dos precatórios como estratégia para abrir espaços para o pagamento Auxílio Brasil, programa social adotado pelo governo Jair Bolsonaro em substituição ao Bolsa Família.
Criado em 2016, o teto de gastos — no seu desenho original — era considerado a principal âncora fiscal do país.
Desde 2014, o Brasil não registra superávit primário, ou seja, não sobra dinheiro nas contas públicas, depois de pagar as despesas, para quitar os juros da dívida do governo. Com isso, o endividamento do Brasil se tornou elevado para uma economia emergente e passou a ser acompanhado de perto pelos investidores.
“O gatilho para as revisões (de crescimento em 2022) tem a ver com toda a flexibilização do arcabouço fiscal, com a PEC dos Precatórios e o drible na lei de responsabilidade fiscal”, afirma Alessandra Ribeiro, sócia e economista da consultoria Tendências. “A gente viu efeito disso na percepção de risco e no câmbio, batendo nas expectativas inflacionárias.”
A PEC dos precatórios altera a correção do teto de gastos. A fórmula inicial considerava o IPCA apurado entre julho de um ano e junho do ano seguinte. Com a mudança, a correção passa a levar em conta o IPCA acumulado entre janeiro e dezembro.
A proposta também adia o pagamento de parte dos precatórios. Ao todo, o Ministério da Economia estima que terá um espaço de R$ 106 bilhões no próximo ano.