Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2021
A vacina da Universidade de Oxford/AstraZeneca contra a covid-19, produzida no Brasil em parceria com a Fiocruz, tem apresentado reações – já previstas na bula – em parte dos vacinados.
Confira respostas para algumas perguntas relacionados à aplicação do imunizante:
1) Quais são os efeitos colaterais mais comuns da vacina?
De acordo com os dados reunidos nos estudos clínicos de fase 3, os efeitos colaterais mais comuns associados à vacina foram:
— Sensibilidade no local da injeção (relatada por mais de 60% dos voluntários);
— Dor no local da injeção, dor de cabeça e fadiga (relatadas por mais de 50% dos voluntários);
— Dor no corpo e mal-estar (relatadas por mais de 40% dos voluntários);
— Febre e calafrios (relatados por mais de 30% dos voluntários);
— Dor nas articulações e náusea (relatadas por mais de 20% dos voluntários).
A maioria das reações adversas foi de intensidade leve a moderada e normalmente resolvida poucos dias após a vacinação. As reações adversas foram mais frequentes após a primeira dose da vacina.
Um efeito colateral incomum é o inchaço das glândulas na axila ou no pescoço, no mesmo lado do braço onde foi aplicada a vacina. Isso pode durar cerca de 10 dias, mas, se durar mais, consulte seu médico.
As reações adversas foram geralmente mais leves e relatadas de forma menos frequente em idosos (com 65 anos de idade ou mais).
2) Quanto tempo após a injeção podem surgir os efeitos colaterais? Quanto tempo duram?
Os efeitos colaterais normalmente aparecem em um período de até 2 dias após a vacinação, e costumam durar por, no máximo, dois dias. Se novos sintomas aparecerem a partir do 4º dia depois da vacinação, procure um médico.
3) Posso tomar remédio contra os efeitos colaterais? Algum não é recomendado?
Sim, você pode tomar remédios para os efeitos colaterais – de preferência dipirona ou paracetamol.
“Os medicamentos mais recomendados para reações à vacina são paracetamol e dipirona. Algumas pessoas têm sensibilidade à dipirona, não conseguem tomar, então elas devem ficar com o paracetamol”, explica a farmacêutica e bioquímica Laura Marise, doutora pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) e cofundadora do canal “Nunca vi 1 Cientista”, na rede social “YouTube”.
Mas atenção: em 27 de maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alertou para os riscos do uso indiscriminado de paracetamol para os efeitos colaterais da vacina de Oxford.
A agência recomendou que “o uso do medicamento deve ser feito com cautela, sempre observando a dose máxima diária e o intervalo entre as doses, conforme as recomendações contidas na bula, para cada faixa etária”. Em adultos, por exemplo, a dose máxima de paracetamol é de 4g/dia.
Já anti-inflamatórios – como aspirina, diclofenaco ou ibuprofeno – não são recomendados, explica Laura Marise.
“No início de uma infecção ou no desenvolvimento da imunidade contra a vacina, a gente precisa que o processo inflamatório aconteça, porque é o processo inflamatório que vai desencadear toda a resposta imunológica nesse caso”, diz a farmacêutica Laura Marise.
Mas calma: se você já tomou um comprimido de ibuprofeno, é provável que o remédio não vá comprometer os efeitos da vacina.
4) Posso tomar a vacina AstraZeneca se estiver grávida?
Não. No dia 10 de maio, a Anvisa recomendou a suspensão da aplicação da vacina de Oxford/AstraZeneca em grávidas. A recomendação veio depois da morte suspeita de uma gestante de 35 anos. Ela sofreu um acidente vascular cerebral após receber a vacina. O bebê também morreu.
O Ministério da Saúde recomendou que as que já tivessem recebido a primeira dose da vacina só recebessem a segunda dose após o fim da gestação e do puerpério (45 dias após o parto) para completar o esquema vacinal.
5) Qual é o risco de trombose após tomar a vacina AstraZeneca?
Os casos são raros. As estimativas publicadas da incidência de trombose após a vacina (VITT) de Oxford/AstraZeneca variam de 1 caso a cada 26,5 mil doses aplicadas a 1 caso a cada 148,2 mil doses aplicadas, segundo um levantamento feito por especialistas e cientistas da província de Ontário, no Canadá.
Os dados de incidência ainda são preliminares – porque a vacina está sendo aplicada há muito pouco tempo na maioria dos países e porque alguns casos ainda estão sendo investigados.
Dados do Reino Unido sugerem que há um incidência mais alta nos grupos de adultos mais jovens em comparação com os mais velhos e que a incidência é maior em mulheres do que em homens, embora isso não seja observado em todas as faixas etárias e a diferença permaneça pequena.