Sexta-feira, 19 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 29 de novembro de 2020
Confirmada oficialmente a derrota de sua terceira tentativa de conquistar o comando prefeitura de Porto Alegre (ela já havia concorrido em 2008 e 2012), Manuela D’Ávila (PCdoB) discursou no início da noite deste domingo (29) para correligionários, aliados e militantes. Ela agradeceu pelos apoios à sua candidatura, mencionou o fato de ter sido alvo de fake-news e desejou um bom governo ao vencedor, Sebastião Melo (MDB).
“A sorte do governo de meu adversário Melo será também a sorte do nosso povo, das pessoas que vivem neste cidade”, declarou sob aplausos a jornalista e ex-parlamentar de 39 anos no Hotel Embaixador, localizado na rua Jerônimo Coelho (Centro Histórico). “Cuide de Porto Alegre, porque ela merece ter homens e mulheres vivendo com mais dignidade”.
Durante quase 10 minutos de manifestação, Manuela também saudou “as mulheres e homens que lutam por uma cidade mais justa” e dedicou palavras de carinho à família: “Eu quero agradecer, em público, ao meu marido, à minha filha, ao meu enteado. Não é fácil fazer as escolhas que fazemos no Brasil de hoje, mas as coisas ficam muito melhores com a família do nosso lado”.
Ela ainda voltou a mencionar ataques e boatos que circularam nos últimos meses, envolvendo o seu nome. “Enfrentamos uma campanha de ódio, a mais baixa de nossa história”, afirmou. “Mas encontramos forças para seguir em frente, com uma militância demonstrando uma esperança que não se via há muito tempo nas ruas.”
Desempenho
Com 100% das urnas apuradas no início da noite, Manuela D’Ávila ficou com 307.745 dos votos válidos (45,37%), superada pelos 370.550 votos (54,63%) de Sebastião Melo. Os votos em branco foram 20.938 (2,87%) e os nulos chegaram a 28.801 (3,96%). Já a abstenção (não comparecimento de eleitores às urnas) foi de 32,76% (354.692 ausências), quase tão expressiva quando no primeiro turno (33,08%, com 358.217 indivíduos).
Além do atual mandatário Nelson Marchezan Júnior (PSDB), concorriam Juliana Brizola (PDT), Fernanda Melchionna (Psol), Valer Nagelstein (PSD), João Derly (Republicanos), Gustavo Paim (PP), Rodrigo Maroni (Pros), Montserrat Martins (PV), Julio Flores (PSTU) e Luiz Delvair (PCO).
Trajetória
Natural de Porto Alegre, Manuela D’Ávila tem 39 anos, é filha de uma desembargadora e de um engenheiro e professor universitário e tem quatro irmãos. É formada em Jornalismo pela PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e mestre em Políticas Públicas.
Ingressou no movimento estudantil em 1999 e no mesmo ano filiou-se à UJS (União da Juventude Socialista), um braço do Partido Comunista do Brasil, partido ao qual aderiu em 2001, mesmo ano em que passou a integrar a direção nacional da UJS (até 2003) e a vice-presidência da Une União Nacional dos Estudantes) na Região Sul.
Ela se tornou em 2004 a até então mais jovem vereadora eleita de Porto Alegre, com 23 anos. Já em 2006, elegeu-se deputada federal e obteve novo mandato em 2010. Nesse intervalo, disputou em 2008 a sua primeira eleição para a prefeitura, ficando em terceiro lugar.
Uma nova tentativa foi feita em 2012, ficando na segunda colocação, mas o candidato José Fortunati venceu a disputa já no primeiro turno, com 65,2% da preferência do eleitorado.
Em 2014, elegeu-se deputada estadual. Já em 2018, foi vice na chapa de Fernando Haddad (PT) no pleito presidencial, vencido por Jair Bolsonaro (então pelo PSL). Manuela é casada com o músico Eduardo “Duca” Leindecker, com quem tem a filha Laura, 5 anos. O patrimônio declarado pela então candidata é de R$ 455,5 mil.
(Marcello Campos)