Terça-feira, 09 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2025
Com o visto anterior vencido em maio, Haddad precisou pedir a renovação da autorização para a embaixada americana.
Foto: Lula Marques/Agência BrasilO ministro da Fazenda, Fernando Haddad, teve seu visto concedido para os Estados Unidos nesta segunda-feira (8). Ministro teve que pedir renovação de autorização após o visto anterior vencer em maio.
Haddad vai comparecer à Semana do Clima de Nova York, realizada em setembro deste ano. Os evento reúne líderes globais de governos e setores empresariais para discutir desafios das mudanças climáticas. O ministro também deve viajar para o encontro anual do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, que acontece em outubro na capital americana, Washington.
Com o visto anterior vencido em maio, o ministro precisou pedir em agosto a renovação da autorização para a embaixada americana.
A solicitação aconteceu em meio à tensão diplomática entre o governo brasileiro e o do presidente Donald Trump, que cancelou o visto de oito ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e de familiares do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. O presidente Lula disse que o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, também teve o visto cancelado.
Padilha também planeja participar de eventos nos Estados Unidos nos próximos meses, e já declarou que o Itamaraty pediu seu acesso nos compromissos. Seu visto venceu em 2024 e também precisa de renovação.
O ministro da Saúde deve comparecer à assembleia-geral da ONU e à conferência da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Um mês de tarifaço
Há pouco mais de um mês, uma canetada da Casa Branca mudou a realidade de mais de metade da pauta exportadora brasileira. A partir do dia 6 de agosto, a conjuntura cedeu à seguinte lógica: uma parte das mercadorias brasileiras direcionadas aos Estados Unidos começou a ter que pagar uma tarifa de 50% para ocupar espaço nas prateleiras americanas. A medida firmou um aumento de 40 pontos percentuais à alíquota de 10%, em vigor desde abril.
Se a lista de quase 700 exceções à sobretaxa tornou-se motivo de alívio para alguns, é na regra que mora a angústia dos setores de café, carne, madeira, pescados, frutas, alumínio e outros congêneres afetados.
A sobretaxa impossibilitou as exportações destas indústrias à terra do Tio Sam — que era, até então, principal parceiro comercial da maioria.
Dados da balança comercial atualizados pelo Mdic (Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) mostram que as vendas aos EUA caíram 18,5% em agosto de 2025, mediante comparação anual.
Em um mês da nova ordem mercantilista, dados e especialistas consultados pela CNN mostram: o aumento da taxação é inversamente proporcional à confiança das indústrias e ao preço de seus produtos no mercado nacional. O futuro, contudo, segue incerto.
Quando há uma interrupção abrupta da exportação de qualquer produto, das duas, uma: ou os estoques encontram escoamento a outros mercados, ou a produção é redirecionada ao mercado nacional.
O Brasil já flerta com novos pretendentes. No começo de agosto, uma comitiva do governo foi ao Japão com o propósito de abrir o mercado de carne bovina. Já no finalzinho do mês, um sorridente Geraldo Alckmin (PSB) liderou uma missão de estreitamento de laços comerciais ao México, que assumiu, no mês, a segunda posição no ranking dos importadores de carne do Brasil.
A China, por sua vez, já sinalizou abertura ao mercado a café, gergelim e farinha de aves e suínos advindos dos trópicos. Minério de ferro, idem.
Apesar disso, “novos mercados envolvem um tipo de negociação que não acontece no curtíssimo prazo”, explica Robson Gonçalves, economista e professor da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
“Por enquanto, a solução é voltar a produção ao mercado interno. E, por conta da desaceleração da economia, a única forma de fazê-lo é pela queda de preços”, adiciona.