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Brasil “Em menos de 100 anos, não vamos mais falar de cirurgia”, diz o diretor do Instituto do Cérebro

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Paulo Niemeyer, que recebeu pacientes de covid-19 no Rio, lança livro no qual decifra os mistérios do órgão. (Foto: Divulgação)

Para o diretor do Instituto Estadual do Cérebro (IC), no Rio, Paulo Niemeyer Filho, muito em breve a medicina será muito mais preventiva e menos invasiva. “A cirurgia do câncer, por exemplo, vai acabar, o caminho vai ser pela genética e imunoterapia”, explica o neurocirurgião.

Algumas dessas previsões, além de explicações sobre o funcionamento do cérebro e histórias de pacientes, estão no recém-lançado livro “No labirinto do cérebro”.

Na entrevista, ele reflete sobre o fascínio e os mitos que envolvem o órgão e também sobre a experiência do IC em receber pacientes de covid-19.

1) O Instituto do Cérebro precisou ceder leitos para pacientes com covid-19. Como foi isso?

Houve demanda da Secretaria de Estado de Saúde para que o instituto disponibilizasse os 44 leitos de terapia intensiva, o que ocorreu por três meses. Tivemos que nos adaptar, porque é um hospital especializado. Foi muito duro, os doentes chegavam e morriam feito passarinho, em dois ou três dias. Havia um medo enorme, testávamos diariamente os funcionários. O primeiro paciente, por ironia, era um amigo no grupo de risco. Eu estava cheio de esperança, disse que tudo correria bem, mas no dia seguinte ele piorou, foi entubado e faleceu. Agora estou otimista, acho que a vacina vai resolver. O neurocirurgião tem que ser otimista porque, se sair de casa de manhã para abrir uma cabeça e pensar que vai dar errado, é melhor não abrir.

2) O que se sabe sobre as consequências neurológicas do coronavírus?

Do ponto de vista prático e clínico, a manifestação mais comum foram os acidentes vasculares cerebrais causados por trombose. A gente sabe que a Covid produz um distúrbio de coagulação, e vimos no IC alguns casos de AVC até com óbito devido à gravidade desses infartos cerebrais.

3) O cérebro interessa a cada vez mais pessoas. Mas alguns mitos persistem…

O cérebro é realmente fascinante, nossa alma e nossa vida estão aqui dentro. Quando comecei a faculdade, falar do cérebro surpreendia até os colegas porque era algo muito especializado. Hoje, os programas de TV, as revistas, todos fazem matérias sobre neurociência. Mas a gente ainda ouve bobagens, como a história de que só 10% do cérebro são usados. Na realidade, ele tem um limite de capacidade, e nós, com o progresso da ciência, vamos ajudando. Assim, você perde visão e coloca óculos, anda com dificuldade e usa o carro. Hoje, não podemos mais viver sem computador nem telefone, porque nossa capacidade de registro é limitada. Precisamos de apoio da chamada “mente estendida”, a continuidade do cérebro.

4) “Mente estendida” faz pensar na ficção. O que pode virar realidade no futuro?

Acho fascinantes os estudos sobre transmissão de pensamento. Existe energia nessas coisas, como quando pensamos em alguém que nos liga. Vários países vêm estudando isso. Parece futurista, mas não acho impossível. Penso que alguma coisa vai sair daí.

5) No livro, o senhor cita antigas visões e tratamentos no cérebro que agora parecem absurdos. O que poderá virar coisa do passado?

Futuramente, não vai se falar de cirurgia, e os livros vão para o museu para lembrar uma época em que se abriam a cabeça, a barriga e o tórax do paciente. É antinatural. A cirurgia do câncer, por exemplo, vai acabar, o caminho vai ser pela genética e imunoterapia. Olhamos para os genomas com a mesma ignorância com que, há 500 anos, abríamos um cadáver e não sabíamos para que servia o fígado ou que nome dar àquilo. Estamos entrando numa nova era da medicina, mais preventiva e menos invasiva. Vamos detectar os genes que podem causar tumores na infância e já corrigi-los. Hoje, no consultório, é comum quando digo ao doente que ele tem que operar, ele perguntar: “Mas tem que abrir a cabeça?” Já começa a parecer um absurdo. Isso deve ocorrer em menos de 100 anos.

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https://www.osul.com.br/em-menos-de-100-anos-nao-vamos-mais-falar-de-cirurgia-diz-o-diretor-do-instituto-do-cerebro/ “Em menos de 100 anos, não vamos mais falar de cirurgia”, diz o diretor do Instituto do Cérebro 2020-10-06
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