Terça-feira, 18 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 20 de dezembro de 2018
Destino anual de milhares de turistas brasileiros e estrangeiros, as praias catarinenses pioraram em 2018: o número de praias boas (avaliadas como próprias em 100% do tempo) caiu de 80 para 61, com trechos impróprios especialmente durante o verão.
Só em Florianópolis, onde cerca de 30% dos turistas são estrangeiros, 17 trechos que eram classificados como bons passaram a ruins ou regulares, como Jurerê Internacional, Ingleses, Daniela e Joaquina.
“Qualquer município costeiro no Brasil se vende pela beleza das praias; é o seu cartão-postal. Só que essas praias, hoje, estão em risco”, diz o oceanógrafo e geógrafo Marcus Polette, professor da Univali (Universidade do Vale do Itajaí).
Boa parte dos problemas de balneabilidade ocorreu durante o verão, marcado pela sazonalidade de turistas — mais acentuada em Santa Catarina do que em outras regiões do País, como o Nordeste, que recebe grande fluxo de banhistas durante o ano todo. Alguns municípios do Estado veem a população triplicar.
O período também é marcado pela concentração de chuvas, que lavam o lençol freático e levam detritos e esgoto para os rios e para o mar. Em Canasvieiras, que concentra turistas argentinos, cinco dos oito trechos monitorados pioraram em relação a 2017.
No meio da praia, deságua o rio do Braz, que, durante a temporada, extravasou em direção ao mar, escurecendo as águas e chamando a atenção de banhistas. A Prefeitura de Florianópolis informou que tem atuado para coibir ligações clandestinas de esgoto, em especial no norte da ilha.
O município fez ainda nesta temporada uma blitz em Canasvieiras, para verificar as ligações de esgoto em residências e hotéis, e também tem um projeto para despoluir o rio do Braz.
O Governo de Santa Catarina argumenta que vários fatores influenciam na balneabilidade, como chuvas, marés e densidade populacional, e que, “assim como houve uma diminuição de pontos próprios, no próximo ano pode ocorrer uma inversão de valores”, segundo o IMA (Instituto do Meio Ambiente) do Estado.
O órgão ainda reforça que a balneabilidade é monitorada apenas em pontos sensíveis a problemas, e que, quando um trecho está impróprio para banho, não significa que toda a praia esteja.
Qualidade
Por caminhos sinuosos, o litoral brasileiro segue desde os manguezais da foz do rio Oiapoque (AP), na fronteira com a Guiana Francesa, até as águas frias das praias do Santa Vitória do Palmar (RS), no limite com o Uruguai.
São 7.491 km, dos quais 1.188 pontos tiveram a qualidade da água medida nos últimos anos. Mas só 283 estiveram com a água sempre própria em todas as semanas de 2016, 2017 e 2018. Siga a rota, sentido norte-sul, e conheça esses oásis de águas limpas do litoral brasileiro.
O primeiro ponto de parada é na vila de Jericoacoara, no litoral cearense, a oeste de Fortaleza, conhecida pelo seu ambiente aconchegante, com dunas, lagoas, mangues e praias de águas mornas – e limpas. Também no Ceará, destaca-se a queridinha praia de Canoa Quebrada, que fica no município de Acarati e é conhecida por suas dunas e falésias.
No Rio Grande do Norte, a rota passa pela praia de Redinha, em Natal. Mas atenção: o trecho bom é apenas o que fica perto das barracas. No trecho preto da foz do rio Potengi a água é classificada como péssima.
O Litoral Norte da Paraíba também é conhecido por suas vilas tranquilas e praias de água limpa, desde a Barra do Grajaú, em Mataraca, até a praia de Fagundes, em Lucena.
Em Alagoas, destaque para a Praia do Francês, que fica a cerca de 30 km de Maceió e tem três pontos de medição com águas sempre próprias e convidativas ao banho.
Na Bahia, são 17 praias que estiveram sempre limpas entre 2016 e 2018 – a maioria está no Litoral Norte, num trecho de cerca de 200 km, entre a fronteira com Sergipe e até Salvador.
No Rio de Janeiro, um a cada cinco pontos monitorados foi considerado sempre bom – 58 de um total de 277. Um deles fica na praia de Itacoatiara, espremida entre dois morros em Niterói, com apenas uma entrada.
Chegando ao litoral paulista, são 41 de 174 pontos de medição com qualidade boa, a maioria, em praias como Ubatuba, São Sebastião, Caraguatatuba e Ilhabela.
No litoral paranaense, a Ilha do Mel destaca-se como santuário ecológico com três trechos avaliados como bons ao longo dos últimos anos, tanto na praia de Brasília quanto em Encantadas.
Seguindo no trecho final da jornada, no Rio Grande do Sul, são 35 pontos de medição de praias próprias para banho nos últimos três anos. As opções vão desde as praias de Torres, com seus paredões rochosos, no Norte do Estado, até a praia da Barra do Chuí, em Santa Vitória do Palmar, cidade que abriga o povoado mais ao Sul do Brasil.