Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 16 de abril de 2023
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) divulgou na noite do último sábado (15) a súmula do jogo entre Palmeiras e Cuiabá, vencido pelo time paulista por 2 a 1. No documento, o árbitro Paulo César Zanovelli explica por que expulsou o técnico do Verdão, Abel Ferreira, com cartão vermelho direto ainda no 1º tempo de jogo.
“Após ser informado pelo arbitro assistente nº 1, expulsei diretamente o Sr. Abel Ferreira por sair da sua área técnica ir em direção ao arbitro assistente nº 1 gesticulando e proferindo, aos gritos, as seguintes palavras: ‘Que arbitragem de merda'”, escreveu.
Na entrevista coletiva depois do jogo, porém, o português negou que tenha proferido ofensas contra a arbitragem.
Em fala forte, o comandante palestrino ainda disse que o comportamento dos juízes e bandeirinhas quando se relacionam com ele fazem com que o português “perca a vontade” de seguir no futebol brasileiro.
Por causa do que foi reportado na súmula, porém, Abel Ferreira deve ser denunciado pela Procuradoria do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e pode ser suspenso.
Desabafo
Veja como foi o desabafo do treinador:
“O bandeirinha deve ter feito alguma confusão o que eu falei. O primeiro amarelo foi quando o árbitro foi dar o cartão a alguém que estava no banco, não sei se era o (auxiliar) João (Martins), e eu perguntei: ‘Amarelo por quê?’. Eu já não tinha entendido o amarelo ao López, estava perguntando ao bandeirinha o motivo, pois não entendi. Ele veio com o amarelo e eu perguntei ‘por que?’, e aí ele mostrou amarelo para mim. OK… Não falei nada de mais, só protestei e perguntei do amarelo”
“O cartão vermelho eu, sinceramente, não entendo. O árbitro estava do outro lado, eu estava a reclamar de uma falta que eu achava que havia ocorrido em cima do López e o bandeirinha deve ter se confundido (com o que eu falei). Ele deve ter confundido alguma coisa, pois aí chamou o árbitro. O árbitro estava do outro lado, foi o fiscal de linha que interpretou alguma coisa. Estou muito curioso para saber o que ele vai escrever na súmula, pois eu não ofendi ninguém”
“Se ele colocar alguma ofensa, é mentira. Eu não ofendi. Estou curioso para saber o que ele ouviu, porque o árbitro estava lá do outro lado. Eu protestei, sim, apenas isso. Talvez sejam essas regras novas de tolerância zero (com reclamações), mas o critério tem que ser igual para todos. Foi uma arbitragem muito confusa hoje. Muito confusa”
“O que eu fico triste é que vou chegar em casa e minha esposa vai moer a minha cabeça. ‘Como é possível você ser expulso outra vez? Isso não é exemplo para ninguém! Isso está a prejudicar sua carreira! Você sabe que contigo é tolerância zero!’. E eu vou dizer: ‘Não ofendi ninguém’. Reclamei, sim. Estou curioso para saber o que ele vai escrever, porque o bandeirinha falou comigo em espanhol! Eu não sou espanhol, sou português. Sou português de Portugal, falamos a mesma língua!”
“Sei que não sou nenhum santinho, mas foi uma tremenda confusão. Mas o pior é saber que vou chegar em casa, enfrentar minha filha e minha mulher outra vez… E eu tenho feito um esforço tremendo para melhorar nisso. Estou muito triste de ter sido expulso hoje. Eu disse isso aos meus jogadores. Isso me tira a vontade de ser treinador, tira a vontade de estar aqui… Estou muito curioso de saber o que ele vai escrever na súmula. Ele deve ter entendido algo em espanhol, mas eu não sou espanhol, sou português”
“Estou triste, estou triste… Uma parte do meu coração está feliz, porque ganhamos um jogo difícil, mas estou triste… Talvez seja isso da tolerância zero e das regras novas que ainda estou me adaptando. Mas estou triste, porque meus jogadores não mereciam ficar sem o treinador no banco. Eles sabem o quando eu me esforço para ajudar. Foi tudo muito confuso hoje”]
“Eu não queria ser expulso. Eu tinha objetivo de não ser. Fui expulso na Supercopa e depois disso só tinha levado uns dois amarelos. Mas não adianta… Não estava nos meus planos ser expulso hoje. Não sei se o trabalho (psicológico) que estou a fazer é suficiente, se do outro lado a tolerância realmente é zero, se meu espanhol é suficientemente claro… Não sei, não sei…”