Sexta-feira, 29 de março de 2024
Por Redação O Sul | 24 de junho de 2019
Milhares de pessoas tomaram as ruas de Veneza no dia 8 pedindo a proibição de grandes navios de cruzeiro na cidade , após a colisão da semana passada entre uma embarcação e um barco turístico.
De acordo com a imprensa italiana , cerca de cinco mil manifestantes marcharam pela cidade carregando cartazes com slogans como “Mantenha grandes barcos fora da lagoa” (No Grande Navi).
“Esses gigantes devem deixar a lagoa. Eles são incompatíveis com o delicado equilíbrio do ecossistema e são perigosos para a cidade”, disse o presidente do município local de Marghera, Gianfranco Bettin.
A manifestação foi organizada por um grupo chamado “No Big Ships” após um incidente no último domingo em que o MSC Opera de 13 decks sofreu uma falha de motor, raspou ao longo do cais e bateu em um barco turístico de luxo.
Quatro turistas ficaram levemente feridos no acidente de San Basilio-Zattere, no Canal Giudecca, em Veneza.
Imagens do incidente foram postadas nas mídias sociais, provocando uma nova controvérsia sobre os danos que os grandes navios causam a uma das cidades mais famosas do mundo.
Críticos dizem que as ondas que os navios criam estão erodindo as fundações da cidade, que regularmente transborda, deixando locais emblemáticos como a Praça de São Marcos embaixo d’água.
Pedido na Unesco
O principal grupo de conservação de patrimônio da Itália entrará com pedido na Unesco para incluir Veneza em sua lista de Patrimônios da Humanidade em risco. A razão é acidente com um navio cruzeiro no início de junho.
“Veneza é única, e não podemos permitir que ela seja destruída ainda mais do que já foi”, disse Mariarita Signorini, presidente nacional da Italia Nostra, cuja missão é defender a herança nacional e cultural da Itália.
O debate na Itália sobre como proteger a cidade histórica, que atrai cerca de 30 milhões de turistas por ano, ressurgiu após o cruzeiro MSC Opera ter perdido o controle ao tentar atracar no cais e colidido com um barco de turismo. Quatro pessoas ficaram feridas.
“Veneza é uma das cidades mais ameaçadas do mundo”, disse Signorini, ao anunciar a solicitação à Unesco.
A cidade e sua lagoa já estão na lista de Patrimônios da Humanidade da Unesco, mas a organização Itália Nostra diz que o turismo desenfreado, o êxodo constante de residentes antigos e a degradação ambiental representam grandes ameaças à sobrevivência da cidade.
Segundo o site na Unesco, a lista de patrimônios em risco “tem por objetivo chamar a atenção mundial para os fatores que ameaçam as características dos bens inscritos”. Caso ocorra uma catástrofe natural ou mesmo um conflito armado, o Fundo de Patrimônio Mundial poderá ser acionado, e uma campanha internacional de suporte técnico é instaurada para recuperar o bem danificado ou perdido.