Terça-feira, 20 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 22 de julho de 2022
A Endometriose é um processo inflamatório causado pela presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina e pode afetar o funcionamento das trompas, comprometer a qualidade e quantidade dos óvulos, alterar a anatomia pélvica, o transporte dos gametas e impactar a receptividade endometrial. Uma em cada dez mulheres em idade reprodutiva, sofre de endometriose. E, infelizmente, o diagnóstico tardio continua sendo uma realidade no Brasil.
Dr. Josélio Vitoi, que além de ser considerado uma das principais autoridades em cirurgia de endometriose é especialista em Reprodução Assistida e confirma que, dependendo do caso, a fertilidade pode ser restabelecida com o tratamento apropriado.
Por isso, além do acompanhamento regular, a dúvida quanto ao grau e intensidade da dor deve levar a mulher a procurar um especialista para diagnóstico, orientação e tratamento correto muito antes dela pensar em engravidar.
Como acontece e principais sintomas
O médico explica que a endometriose acontece quando o endométrio – tecido que reveste a parede interna do útero – passa a crescer fora da cavidade uterina, nos ovários, trompas, intestino, bexiga e outros. O endométrio que, mensalmente, acumula-se dentro do abdômen provoca um processo inflamatório na pelve, podendo levar à aderência entre os órgãos dessa região. Seu principal sintoma é a dor, principalmente pelo enrijecimento dos tecidos.
Desconfiar da doença precocemente é o maior desafio nos exames preventivos ginecológicos, pois a endometriose pode ser assintomática e só descoberta quando a mulher não consegue engravidar. Mas é bom estar atento aos sintomas clássicos: fortes cólicas menstruais e dor no fundo da vagina durante a relação sexual, intestino solto ou muito preso durante a menstruação, dificuldade e dores para evacuar ou urinar neste período, desconforto contínuo na barriga ao longo de todo o mês, são alguns deles, que nem sempre aparecem em conjunto. A gravidade da doença está diretamente relacionada à intensidade dos sintomas e ao histórico familiar que também deve ser considerado.
Cada mulher tem um tipo de acometimento, mas o tempo de desenvolvimento médio da doença, no Brasil, até o diagnóstico inicial é de seis anos. Com isso, os casos mais graves têm sido cada vez mais frequentes. Há tratamentos em nível clínico, com analgésicos e hormônios, e há o tratamento cirúrgico, normalmente por videolaparoscopia.
A técnica dá melhor visão do comprometimento dos tecidos, evitando possíveis complicações, com imagens ampliadas “e o resultado mais importante é para a paciente, que tem recuperação mais rápida e tranquila, pois, mesmo nas cirurgias mais complexas ela não fica mais que cinco ou seis dias internada em observação, deixando o hospital, em geral, livre da dor”, explica o especialista.
“E, com o tempo, acabamos considerando a endometriose como um câncer que não mata, mas em geral, é mais difícil de operar que a maioria das cirurgias oncológicas”, diz.
Ele chama a atenção para a importância da avaliação nas mulheres mais jovens, sem filhos, justamente para evitar-se a evolução a nível profundo da patologia.
“Não devemos desprezar a queixa da paciente em relação à dor durante a menstruação, durante as relações sexuais e até ao evacuar. São sintomas que nos permitem identificar a doença em estágios iniciais e que são mais facilmente tratáveis”, conclui ele.