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Por Redação O Sul | 25 de setembro de 2018
Ano após ano, dados negativos sobre a educação no Brasil vêm a público. Os alunos não aprendem o esperado e o sistema não garante sequer que todos cheguem até o final do ensino médio, acentuando a desigualdade e a violência no País. O que parece ficar nas sombras são os efeitos dessa situação. Indivíduos sem educação de qualidade tendem a sofrer mais com o desemprego, e os que estão empregados recebem salários menores. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
O adulto que chegou apenas ao ensino fundamental ganha, em média, 62% do que aquele que completou o médio. E esses com diploma do antigo colegial são superados em 235% por aqueles que conseguiram concluir e se formar em um curso superior.
É uma das maiores diferenças do mundo, aponta a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, que reúne países desenvolvidos).
Ou seja, avançar no ensino aumenta consideravelmente a chance de a pessoa melhorar sua condição de emprego. Amplia também sua chances de inserção na sociedade.
Tomando ciências como exemplo, entre os jovens com as piores notas na disciplina, só 38% dizem estar a par do problema de emissão de gases do efeito estufa. Entre aqueles com as melhores avaliações, 96% sabem do que se trata.
A educação é também um escudo contra a violência. Há diminuição de 2% dos homicídios a cada 1% a mais de jovens entre 15 e 17 anos na escola, apontam estudos e pesquisas do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
A baixa qualidade educacional prejudica ainda a economia. São necessários quatro trabalhadores brasileiros para produzir o que um americano produz, de acordo com a consultoria The Conference Board, organização norte-americana que reúne empresas e pesquisadores.
Especialistas apontam que essa defasagem, em grande parte, é explicada pelas diferenças educacionais.
Nem os alunos brasileiros mais ricos conseguem o desempenho dos estudantes com o mesmo perfil em países desenvolvidos.
Se o panorama da educação brasileira é negativo, existem ao menos alguns alentos. O País registrou forte avanço nas últimas décadas no número de matrículas de crianças e jovens, ainda que esteja abaixo do desejado.
Há iniciativas localizadas de êxito, como o apoio mútuo entre o Estado do Ceará e seus municípios, arranjo que dura décadas e que ajuda a colocar em algumas cidades pobres da região uma qualidade de ensino de países ricos. Grande avanço na qualidade da educação no Brasil como um todo, porém, exige mudanças estruturais e pontuais.
Banco Mundial sugere limite de dispêndio por aluno em universidades
De acordo com o Banco Mundial, há grande ineficiência nos gastos com ensino superior no País, que poderiam ser reduzidos à metade.
Uma das propostas da instituição é impor um limite de dispêndio por aluno nas universidades públicas que seria baseado nos gastos das instituições mais eficientes.
Outra recomendação da instituição é a cobrança de tarifas para estudantes com maior renda, abrindo espaço para aumentar financiamentos para alunos de extratos menos favorecidos.
A sugestão do Banco Mundial causou polêmica quando o relatório foi divulgado, em novembro do ano passado.
“Acho que falta compreensão de que a universidade pública gratuita representa um subsídio para boa parcela dos alunos que pode pagar”, diz o economista Pedro Olinto, coordenador de desenvolvimento humano do Banco Mundial.
A julgar pelas severas restrições fiscais do governo federal e dos Estados, é provável que debates como esse se intensifiquem nos próximos anos.