Segunda-feira, 20 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 9 de janeiro de 2020
Muita gente pode ter sido surpreendida, na quarta-feira, pelo anúncio do príncipe Harry e de sua mulher, Meghan Markle, de se afastarem de seus deveres e abdicarem de privilégios como membros da família real britânica. Antes da decisão, porém, houve uma série de indícios, inclusive públicos. Mas, afinal, o que pode haver por trás dessa decisão?
O casal, que teve recentemente um filho, Archie, justificou que o seu objetivo é “trabalhar a fim de ser financeiramente independente” e que, a partir de agora, dividirá o seu tempo entre o Reino Unido e a América do Norte. E que a decisão do duque e da duquesa de Sussex foi tomada após meses de reflexão e debate dentro da própria família.
Mas só em outubro passado o público britânico teve informações sobre o pensamento do casal, por meio de um documentário da rede ITV produzido durante um passeio deles pela África. No programa, ela afirma que a adaptação à vida real foi muito difícil e que não estava preparada para o nível intenso de intromissão pela mídia, apesar dos alertas de amigos sobre o poder destrutivo dos jornais e sites de fofocas.
No documentário, Harry também descreve o estado de sua saúde mental e a maneira como lida com as pressões de sua vida como uma questão que exige cuidados constantes: “Eu pensei que estava fora de perigo e, de repente, tudo voltou, e preciso gerenciar isso, mantendo a compostura, por exemplo. Mas para mim e minha mulher, há muitas coisas divulgadas pela mídia que machucam, especialmente quando a maior parte não é verdade.”
O repórter da rede BBC Jonny Dymond, especialista em assuntos da realeza, afirmou que por trás da retirada está o fato de que o casal, que há oito meses teve o seu primeiro filho, Archie, simplesmente não suportava: “Harry odiava as câmeras e ficava claramente entediado pelos cerimoniais”.
Também não pode ser desprezada, na análise desse caso, os possíveis traumas familiares gerados pela morte brusca, em 1997, da princesa Diana, mãe de Harry e William: “Já vi o que acontece quando alguém que amo é tão mercantilizado ao ponto de não ser tratado ou visto como uma pessoa de verdade. Perdi minha mãe e agora vejo minha esposa sendo vítima das mesmas forças poderosas”, declarou Harry algum tempo atrás.
Família real
Para quem pergunta se a decisão de Harry e Megan foi tomada em família, conhecedores dos meandros da vida nos castelos ingleses acreditam que a resposta mais provável é “não”. O próprio repórter da BBC apurou que nenhum outro membro da realeza foi consultado. Nem mesmo a rainha Elizabeth II.
Vale lembrar, ainda, que um porta-voz do Palácio Real afirmou à imprensa que os membros do clã estavam “decepcionados”. Segundo ele, as discussões com o casal estão agora em um estágio inicial: “Entendemos seu desejo de adotar uma abordagem diferente, mas esses são problemas complicados que levarão tempo para serem resolvidos”.
Para Jonny Dymond, também da BBC, a ausência de consulta prévia provavelmente causará estragos. “Há claramente um abismo relevante entre Harry e Meghan, por um lado, e o resto da família real, por outro”, afirmou o jornalista.
Não foi inédito
Dickie Arbiter, ex-funcionário de comunicação do Palácio de Buckingham, comparou a decisão do casal à abdicação de Eduardo 8º em 1936, que deixou a coroa para se casar com a americana Wallis Simpson, que já havia se divorciado duas vezes. “Esse é o único outro precedente, mas não havia nada como isso na história recente”, afirmou.
Para ele, a decisão mostra que o príncipe Harry está deixando “a emoção comandar a razão” e que o “massacre” da imprensa no nascimento do filho do casal pode ter tido papel importante na decisão. Até agora, a publicação da decisão na conta de Instagram oficial do casal já recebeu mais de 1,4 milhão de likes e 80 mil comentários, divididos entre mensagens de apoio e críticas.
O apresentador de TV Piers Morgan culpou Meghan pela separação da família real e pelo afastamento entre Harry e o irmão William.
“As pessoas dizem que sou crítico demais com Meghan Markle, mas ela abandonou sua família, abandonou seu pai, abandonou a maioria de seus velhos amigos, separou Harry de William e agora o separou da família real. Não há mais nada a dizer”, escreveu Morgan.