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Saúde Entenda por que o confinamento faz as mulheres se sentirem mais tristes e estressadas

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Mulheres ficam esgotadas conciliando home office, cuidado dos filhos e tarefas domésticas. (Foto: Reprodução)

Estudos mostram que, psicologicamente, as mulheres têm sido mais afetadas nessa pandemia do que os homens. Se o confinamento é difícil para todos, por que elas sofrem mais?

De acordo com a psicóloga Letícia Gonçalves, pesquisas realizadas desde o começo da pandemia e outras ainda em curso indicam uma tendência de as mulheres manifestarem um nível de estresse emocional maior.

“Isso pode ser compreendido pela forma como o trabalho foi elevado a outro nível neste período, especialmente o trabalho não remunerado, o doméstico e de cuidado com filhos, marido e pais. Por mais que nós tenhamos avançado, as mulheres ainda realizam os trabalhos mais fundamentais e contínuos da casa. Desde preparar as refeições, manter a casa e as roupas limpas, cuidar dos filhos, incluindo o ensino e as tarefas escolares. É um aumento significativo de uma sobrecarga que já existia antes da pandemia, ou seja o grau de esgotamento produzido é muito alto.”

Segundo Gonçalves, é preciso falar sobre a responsabilidade com tarefas que deveriam ser compartilhadas porque, se não, elas têm muito pouca condição de cuidar de si mesmas. Ainda mais porque grande parte das mulheres também trabalha “fora” de casa e também sofre todo o impacto do home office.

A assistente social Tamara Mynssen ficou tão esgotada na pandemia que teve um problema de saúde. Ela acumulava o cuidado com a filha de quatro anos, o emprego formal remoto e mais um trabalho com montagem de cestas de café da manhã, enquanto o marido trabalhava fora o dia todo.

“Em junho, eu não tinha mais forças, ânimo de levantar da cama, queria parar tudo, só chorava. A vida do meu marido não mudou, trabalhava em período integral, tinha um momento fora. Eu não, só respirava minha filha. Não conseguia me dedicar integralmente nem a ela e nem aos trabalhos. Isso gera na gente uma ansiedade por sentir que tem que dar conta de tudo e não consegue. As expectativas ficam frustradas e daí vem a tristeza porque se sente incapaz. Essa sobrecarga de demanda e cobrança interna me fez adoecer. Aí pifei.”

Mynssen voltou para a terapia por videoconferência e levou a filha para passar uma temporada na casa da mãe. Depois, conseguiu sair de férias e agora já se sente revigorada.

Mas é contra essa necessidade de ser uma Mulher-Maravilha que a psicóloga alerta.

“O fundamental é saber que a saúde mental deve sempre ser considerada e, por mais que a nossa sociedade ainda pregue que as mulheres devem ser super-heroínas, a sobrecarga pode ter consequências muito sérias. É preciso perceber os próprios limites, sofrimentos e convocar os outros às suas responsabilidades também”, explica Letícia Gonçalves.

Preocupação com os outros é mais comum

Além da sobrecarga de funções, as especialistas também indicam um traço característico das mulheres como agravante no fato delas sofrerem mais o impacto do distanciamento exigido pela pandemia: o cuidado com os outros.

“Realmente percebi mais demandas de mulheres ansiosas, estressadas por conta da situação toda do coronavírus. Principalmente pela preocupação com familiares, o medo de pegar o vírus e passar para alguém ou de adoecer e dar trabalho para os outros. Não era tanto ter medo do vírus, mas estar preocupada com os familiares. Biologicamente falando, as mulheres têm hormônios como a ocitocina que são mais ligados ao cuidado, ao carinho”, afirma a psicóloga Aline Saramago.

Para a também psicóloga Letícia Gonçalves, um outro aspecto importante, é que “a formação da subjetividade das mulheres, em geral, passa muito pela sensibilidade e pelo sentimento de responsabilidade pelo outro”.

“Isto pode fazer com que o temor pela morte de alguém próximo ou as preocupações sobre um futuro incerto sejam percebidos de forma mais intensa pelas mulheres e, com isto, o sofrimento psíquico se intensifique ainda mais.”

Dicas para melhorar o aspecto psicológico na pandemia:

1-Converse em casa para redistribuir as tarefas domésticas, os cuidados com os filhos e as tarefas escolares deles;

2-Para aliviar ansiedade e estresse, garanta momentos de calma, fique sozinha e em silêncio, respire fundo ou medite;

3-Busque atividades de relaxamento, com uma auto-massagem, um escalda-pés ou ouvir uma música tranquila de que goste;

4-Distrações também são importantes: veja uma série leve, leia ou cultive um hobby como tricô ou jardinagem;

5-Invista nas relações pessoais, ligue para familiares, faça vídeo-chamada com amigas e vá ver, mesmo que à distância, pessoas que não pode encontrar;

6-Em casos complicados, procure ajuda psicológica;

7-Nos casos de violência, procure uma rede de apoio próxima e a ajuda de profissionais e equipamentos públicos de referência para a construção da saída desta situação.

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https://www.osul.com.br/entenda-por-que-o-confinamento-faz-as-mulheres-se-sentirem-mais-tristes-e-estressadas/ Entenda por que o confinamento faz as mulheres se sentirem mais tristes e estressadas 2020-09-26
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