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| Entenda todas as etapas do julgamento do ‘Caso Bernardo’

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(Foto: Reprodução/ Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul)

Julgamento

O julgamento do assassinato de Bernardo Boldrini começou nesta segunda-feira (11), às 9h, na cidade de Três Passos, interior do Rio Grande do Sul. Os réus Leandro Boldrini (pai da vítima), Graciele Ugulini (madrasta), Edelvânia Wirganovicz (amiga de Graciele) e  Evandro Wirganovicz (irmão de Edelvânia) são acusados de assassinar o garoto de 11 anos. O júri teve duração de cinco dias. Os réus foram condenados a cumprir pena máxima para os crimes dos quais foram acusados. Leandro Boldrini pegou 33 anos e 8 meses de cadeia, Graciele Ugulini, 34 anos e 7 meses, Edelvânia Wirganovicz, 23 anos e Evandro Wirganovicz, 9 anos e 6 meses em regime semiaberto.

Primeiro dia

As delegadas de Polícia Civil atuaram, em 2014, nas investigações e no inquérito da denúncia contra os acusados.

Ao relatar cronologicamente as investigações, Caroline afirmou que as hipóteses iniciais eram de sequestro, desaparecimento por conta própria e suicídio. Com o desencontro de informações, as duas primeiras especulações fossem descartadas. “Percebia-se claramente que havia envolvimento do Leandro, Graciele e Edelvânia”, relatou.

(Foto: Reprodução/TJRS)

Caroline e Cristiane detalharam as tentativas de construção de álibis por parte dos suspeitos ao longo do processo. Como exemplo, citaram ligações feitas entre Graciele e Edelvânia que, já supondo a possibilidade de estarem sendo investigadas, questionavam o paradeiro de Bernando e “torciam” para que o encontrassem. As delegadas também acrescentaram as mudanças no comportamento dos suspeitos no decorrer do processo.

Caroline lembra que Edelvânia decidiu colaborar com as investigações confessando o crime e que foi ela quem indicou onde estava o corpo de Bernardo. Quanto ao envolvimento de Evandro, a testemunha observa que a madrasta e a amiga tentaram cavar a cova onde Bernardo foi enterrado, mas não conseguiram. Foi nesse momento em que decidiram pedir ajuda a ele. “Evandro negou que estivesse no local da cova dois dias antes do crime, mas depois que ficou sabendo que seu carro havia sido encontrado disse que estava pescando”, ressaltou.

Quando questionadas sobre a relação entre o pai e a criança, as policiais afirmaram que o menino tinha orgulho dele. “Ele tinha certo orgulho. Dizia que o pai salvava vidas”. Mesmo assim, “Bernardo estava abandonado em todos os sentidos”, disse a delegada Cristiane. Para as policiais, a interpretação quanto ao crime é de que os réus aparentavam ter “certeza de impunidade”.

Segundo dia

As testemunhas da acusação depuseram na terça-feira (12): Juçara Petry (vizinha dos Boldrini), Ariane Schmitt (psicológa de Bernardo), Lori Heller (ex-empregada na casa de Leandro Boldrini), Marlise Henz (técnica de enfermagem do consultório de Boldrini), Rosângela Pinheiro (que trabalhava com o pai de Bernardo no hospital) e Andressa Wagner (ex-secretária de Leandro), também testemunha de defesa. Juçara e Ariane não aceitaram a presença dos réus na sala do júri

A vizinha afirma que Bernardo pediu socorro muitas vezes. Foto: Reprodução)

Em depoimento, Juçara, considerada “mãe afetiva” de Bernardo, afirmou que o menino costumava dizer a ela que “odiava sua casa”. A vizinha assegurou que o menino não era esquizofrênico e ressaltou o jeito dócil do garoto: um menino gentil e educado. Quando indagada sobre a frequência em que Bernardo dormia em sua casa, afirmou que o garoto chegou a ficar 10 dias consecutivos hospedado com ela e garantiu que o menino não se dava bem com Kelly (como Graciele era conhecida). Juçara disse se arrepender por não ter percebido os pedidos de ajuda de Bernardo.

Ariane reiterou a visão da testemunha anterior e observou que Bernardo sempre procurava não desagradar as pessoas por quem tinha afeição. Além disso, a depoente destacou a dúvida quanto à morte do garoto devido ao uso do medicamento: “Midazolan não mata. Quem me garante que esse menino estava morto quando foi enterrado?”. Ela ainda relatou que, em muitas ocasiões, o menino chegava praticamente dopado no consultório, sem condições de higiene e fala. Quando indagada se Bernardo já tinha dito algo sobre odiar alguém, a psicóloga afirmou que sim, que o menino sentia ‘animosidade’ por Graciele.

A única depoente da defesa e da acusação ao mesmo tempo foi Andressa Wagner. Ela garantiu que Graciele maltratava o garoto e contou que, em uma ocasião, a madrasta chegou brava no consultório e disse que não aguentava mais o menino e “queria dar um fim” nele. Ela também foi encarregada de identificar possíveis irregularidades em assinaturas de Boldrini. Em um primeiro momento, ela afirmou que a assinatura era sempre a mesma. Depois, que variava muito. Marcado por indecisão, o depoimento irritou os promotores. Andressa chorou muito. “Acabaram com a minha vida”, lamentou ela.

Terceiro dia 

A terceira sessão trouxe o depoimento de três testemunhas da defesa de Leandro Boldrini: Luiz Omar Gomes Pinto (ex-colega de trabalho de Leandro), Maria Lúcia Cremonese (ex-professora do pai de Bernardo) e Luiz Gabriel Costa Passos (perito criminal aposentado). Outras três pessoas estavam previstas para a data, mas desistiram.

Luiz Omar Gomes Pinto trabalhou com Leandro Boldrini em meados de 2008. O socorrista foi questionado quanto à experiência da companheira, que trabalhou como babá na casa do casal. Pinto disse que a esposa ficava transtornada ao encontrar o garoto na rua, pois o menino parecia triste. Além disso, segundo o depoente, ela soube que Bernardo teria sofrido tentativa de sufocamento por parte da madrasta.

Luiz Gabriel Costa Passos analisou a assinatura do médico para demonstrar a possibilidade ou não de falsificação na receita do Midazolam (remédio que causou a morte de Bernardo). O depoimento de Luiz Gabriel irritou o promotor Ederson Vieira, que alegou que as comparações foram feitas de forma que beneficiassem a tese da defesa.

(Foto: Reprodução/TJ)

A penúltima etapa do julgamento iniciou na tarde da quarta-feira (13), na fase em que os réus passaram a ser interrogados.

O primeiro depoimento foi de Leandro Boldrini, pai de Bernardo. Ele deu início às manifestações negando o envolvimento com a morte do filho. Boldrini disse amar Bernardo, mesmo não estando mais com ele fisicamente. Sobre a falta de preocupação com o sumiço do filho, ele se defendeu: “Não me preocupei porque ele sempre ia para os amiguinhos. Ele jogava game no computador e eu sabia que ele estava num lugar seguro”. Explicou que havia um combinado entre os dois para que o menino voltasse para casa no máximo às 19h dos domingos, já que na segunda-feira o garoto ia à escola. Como a esposa, Graciele, contou a ele na sexta-feira após o crime que o menino teria retornado à casa do casal para pegar sua mochila para ir até a casa do amigo Lucas, ele não desconfiou do sumiço e, inclusive, afirmou acreditar que Bernardo estava “pregando uma peça”.

Também falou sobre os atritos entre a madrasta e o filho, que teriam começado em 2013, quando a filha do casal nasceu. Quanto ao vídeo em que Graciele e Bernardo se agridem, Boldrini disse que “pedia que ele parasse porque queria que eles se acertassem”. Sobre o acesso ao medicamento, ele afirmou que tanto a secretária, Marlise, quanto a esposa, Graciele, o tinham, bem como podiam pegar o bloco de receitas, que ficava em branco na recepção, junto com o carimbo.

Boldrini diz só ter tido conhecimento do envolvimento da companheira com o crime após ter sido algemado pela delegada e, em seguida, encontrar Graciele no corredor da delegacia, onde a própria assumiu a culpa. Ele não respondeu as perguntas do promotor do Ministério Público, Ederson Vieira. Ao final do depoimento, Leandro acusou Graciele e Edelvânia de terem matado Bernardo e se declarou inocente. A defesa das duas não fez nenhum questionamento a ele.

Quarto dia

Na quinta-feira (14), o quarto dia de julgamento do Caso Bernardo, a madrasta do garoto e ré Graciele Ugulini respondeu ao interrogatório. Em seguida, Edelvânia Wirganovicz, amiga dela, também depôs. O dia terminou com o depoimento de Evandro Wirganovicz, irmão de Edelvânia.

(Foto: Reprodução/TJRS)

Graciele chorou desde o início. Alegou que, quando conheceu o enteado, ele era uma criança amorosa e carinhosa, além de os dois terem um convívio agradável. Quando engravidou, os desentendimentos com Bernardo começaram. O menino, segundo ela, dizia não gostar e ter ciúme da irmã. Sobre a morte de Bernardo, ela garante ter sido um acidente. Diz ter administrado remédios para o enteado dormir, enquanto viajavam até Frederico Westphalen. Graciele rela que, como o menino aparentava estar agitado, entregou a bolsa a ele, onde disse ter medicamentos que o acalmariam. Minutos depois, viu Bernardo babando e sem respiração. Por medo de ser acusada, preferiu esconder o corpo com ajuda de Edelvânia. A partir daí, as duas cavaram o buraco onde o garoto foi enterrado e, depois disso, passaram a planejar formas de se esquivar da acusação. Graciele inocentou o marido, Leandro, e o irmão de Edelvânia, Evandro.

(Foto: Reprodução/TJRS)

Edelvânia Wirganovicz foi a segunda a testemunhar. O depoimento da acusada foi marcado pelo choro compulsivo na maior parte do tempo e por ela ter desmaiado antes mesmo de começarem as perguntas do Ministério Público. Ela afirmou ter comprado o remédio encontrado no menino a pedido de Graciele. Segundo ela, a intenção era a de prestar socorro a Bernardo, mas a madrasta não permitiu.
Quando foi à polícia denunciar o crime, Edelvânia afirma ter sido coagida pelas delegadas a falar inverdades em seu depoimento. Bem como a amiga, ela inocentou o médico e o irmão. Por conta do seu desmaio, o júri foi suspenso e, quando retomado, ela negou responder as perguntas do Ministério Público.

O depoimento de Evandro Wirganovicz deu continuidade aos depoimentos da tarde. Ele afirmou, durante todo o tempo, não ter participado do crime, e justificou sua ida às proximidades onde o corpo de Bernardo foi enterrado afirmando que tinha ido pescar durante suas férias.

(Foto: Reprodução/ Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul)

O debate no Tribunal do Júri foi a última etapa antes da decisão sobre a condenação dos réus. O Ministério Público (MP) teve quatro horas para defender sua tese e a defesa de cada réu pôde utilizar uma hora, cada um, para manifestações.

Bruno Bonamente promotor do Ministério Público, começou o discurso afirmando que os quatro réus são culpados, pedindo a condenação de todos e garantindo que o assassinato foi “meticulosamente arquitetado”. O promotor também afirmou que Evandro participou do crime, cavando a cova dois dias antes, o que demonstra que tudo teria sido premeditado. O promotor Éderson Vieira levantou a tese de que Leandro, Graciele e Edelvânia “mataram por prazer” e que são psicopatas. Éderson disse que esperava que todos terminassem a vida na cadeia, pedindo pena máxima para os acusados.

Na defesa de Boldrini, o advogado Ezequiel Vetoretti afirmou que o MP sempre atacou Leandro, enquanto as testemunhas que trouxe para o júri ‘desenharam’ ele como um bom pai. Para o advogado, a prova de que Leandro não matou o filho está no laudo psiquiátrico, que diz que ele é uma pessoa fria, por isso não chora. O advogado Vanderlei Pompeo de Mattos falou em defesa de Graciele. Ele defendeu a cliente alegando que foi a única que confessou. Ele garantiu que o menino se matou ao tomar os remédios e que a falta de provas embasa sua tese. O responsável pela defesa de Edelvânia, Gustavo Nagelstein, disse que Graciele pediu para Edelvânia ir até Frederico Westphalen com ela para cuidar de Bernardo enquanto ela se encontrava com um amante. Edelvânia nunca recebeu dinheiro de Graciele, afirma advogado. Diz ainda, que não tem como apontar existência do remédio no corpo do menino. Ele também fala de Edelvânia como uma mulher trabalhadora e honesta. Eles pedem que a condenada pague pelo crime de ocultação de cadáver, e não de homicídio.

Quinto dia

No quinto dia de julgamento, aconteceram as réplicas e tréplicas da acusação e da defesa. Primeiro falaram os promotores, em seguida a defesa. O fato que mais chamou atenção neste quinto dia, foi a camisa de Leandro Boldrini com uma mensagem da filha e a imagem dos pés de criança.

Na fala dos promotores, eles trouxeram exemplos. Depoimentos e áudios foram apresentados para a acusação dos réus. Além disso, o promotor, Ederson Vieira, utilizou as provas para provar a participação de Evandro no assassinato do garoto. Um dos momentos mais impactantes do debate, foi quando a promotoria explanou a conversa entre o padrinho de Bernardo e Leandro Boldrini. Onde o pai da criança é questionado pelo padrinho por não se esforçar nas buscas ao garoto.

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