Segunda-feira, 05 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 11 de julho de 2020
Milton Ribeiro se torna o quarto ministro da Educação do governo Bolsonaro após ser nomeado na sexta (10). Após a demissão de Carlos Alberto Decotelli devido a informações falsas em seu currículo, Ribeiro tem a missão de articular políticas educacionais com estados e municípios que estão sem diretrizes claras sobre como lidar com o tema durante a pandemia do coronavírus. Segundo especialistas, o desafio é maior após o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed) não ter nenhum representante escolhido para assumir uma cadeira no Conselho Nacional de Educação (CNE).
“O novo ministro tem dois desafios pela frente. O primeiro é mostrar que tem respaldo do governo. Recentemente, ocorreu um leilão público do MEC com aliados exigindo X ou Y. O deputado Marco Feliciano já afirmou que (apesar de Ribeiro ser pastor) não tem nada a ver com a bancada religiosa. O segundo desafio é a articulação com os estados e municípios. Foram indicados nomes para o CNE que têm um potencial maior de estrago do que qualquer nomeação para ministro. E foram publicados sem ter um ministro e sem ter um representante de secretários estaduais. Isso vai dificultar a sua gestão”, afirma João Marcelo Borges, diretor de estratégia do Todos pela Educação.
Sobre o currículo do novo titular da pasta, Borges afirma que ele tem experiência no setor privado, mas falta trajetória no setor público.
“Não conhecemos esse ministro. Ele não estava envolvido nos debates sobre educação pública. Não tem publicação relevante sobre o tema. É possível dizer que ele não é um técnico com experiência em educação pública. O que se espera é que ele monte uma equipe que supra essa necessidade”, sentencia.
Para Rodolfo Gomes, especialista em educação pela Universidade Federal de Pernambuco, a dificuldade do novo ministro está na fragilidade do momento de sua nomeação.
“Espera-se muito dele e não sabemos se poderá ser capaz. Gerir uma universidade é um esforço diferente do que gerir um ministério do tamanho do de Educação. Piora quando temos um acordo para o Fundeb com prazo terminando, uma pandemia de Covid-19 interrompendo aulas e uma série de programas interrompidos”, afirma.
Educação laica
Diversas entidades se posicionaram sobre a nomeação de Ribeiro para o Ministério da Educação. A União Nacional dos Estudantes (Une) criticou a postura do governo em relação à área.
“Reafirmamos que o problema da educação no Brasil é Bolsonaro. Mas reforçamos nossa defesa da educação laica, pública, gratuita, de qualidade, com atenção e permanência aos estudantes do ensino básico, e do superior público e privado, de datas justas para o ENEM, e outras questões urgentes para a educação, que o governo tem ignorado”, informou a entidade em nota.
A União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) reiterou a necessidade de que o novo ministro priorize o diálogo e a transparência com os estados e municípios. A Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior (Abmes) afirmou que Ribeiro tem um “currículo sólido” e desejou êxito em um “momento desafiador em consequência da pandemia de Covid-19”.
A Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) afirmou que a nomeação “é uma ótima notícia para fecharmos a semana, pois temos inúmeros assuntos pendentes para tratarmos a Educação como pauta prioritária a fim de obter um ensino de qualidade no país”.