Quarta-feira, 17 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 9 de julho de 2020
Estudo de universidade alemã associa deficiência de vitamina D a desenvolvimento de quadros mais graves da doença causada pelo coronavírus. Especialista, entretanto, ressalta que efeitos não foram comprovados.
É indiscutível que a vitamina D desempenha um papel em todo o corpo e cumpre funções importantes.
Uma grave deficiência de vitamina D, considerada quando o valor é igual ou inferior a 12 nanogramas por mililitro de sangue, leva a deformações ósseas graves e dolorosas, chamadas de raquitismo em bebês e crianças pequenas e osteomalacia em adultos. É aqui que o consenso científico termina.
Ninguém sabe exatamente de quanta vitamina D as pessoas realmente precisam. A questão de quando passa a haver um quadro de deficiência também é controversa. Por esse motivo, vários valores-limite são frequentemente usados como critério. Fato é, no entanto, que a vitamina D está se tornando cada vez mais popular.
O nível de vitamina D no sangue depende principalmente da luz solar. Se a radiação UV atingir a pele em quantidade suficiente, o corpo poderá produzir ele mesmo a vitamina. Estima-se que apenas de 10% a 20% da necessidade do organismo sejam cobertos através dos alimentos.
A vitamina D que sintetizamos através da radiação solar ou dos alimentos não é inicialmente biologicamente ativa. Alguns processos metabólicos devem ocorrer antes que a forma biologicamente ativa da vitamina, o chamado calcitriol, seja formada nos rins e liberada no sangue.
Além disso, muitos órgãos têm receptores aos quais a substância precursora do calcitriol se liga. Ela também está presente no sangue.
Os órgãos então usam essa substância preliminar para produzir calcitriol, que é usado para inúmeros outros processos no corpo. Esta forma de vitamina D regula a liberação de insulina, inibe o crescimento de tumores, promove a formação de glóbulos vermelhos e a sobrevivência e atividade dos macrófagos, importantes para o sistema imunológico.
Conexão
Uma análise da Universidade de Hohenheim, na Alemanha, estabeleceu uma conexão entre a deficiência de vitamina D, certas doenças pré-existentes e casos mais graves de Covid-19.
O texto diz: “Existem inúmeros indícios de que várias doenças não transmissíveis (pressão alta, diabetes, doenças cardiovasculares, síndrome metabólica) estão associadas a baixos níveis plasmáticos de vitamina D. Essas comorbidades, juntamente com a deficiência de vitamina D com que são frequentemente associadas, aumentam o risco de eventos graves de Covid-19”.
“Esta afirmação está completamente correta”, diz Martin Fassnacht, chefe de endocrinologia do Hospital Universitário de Würzburg. No entanto, ele ressalva que é uma pura associação, “uma mera observação de que esses eventos ocorrem juntos”.
O endocrinologista vê de forma bastante crítica essa moda de vitamina D. Não porque negue suas funções importantes, mas porque, até agora, estudos em humanos não foram capazes de mostrar que a vitamina D tem os poderes de cura frequentemente propagados, diz Fassnacht.
“Se você olhar mais atentamente, as esperanças de que a administração de vitamina D tenha um efeito curativo não foram confirmadas até agora”, afirma.