Terça-feira, 23 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 5 de maio de 2021
O médico deu as declarações em depoimento à CPI da Covid
Foto: Reprodução/TV SenadoO ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse nesta quarta-feira (05), na CPI da Covid, que deixou o cargo diante do desejo do governo de “ampliação do uso da cloroquina” para tratar pacientes com a doença. Teich também afirmou que percebeu que não teria autonomia para atuar à frente da pasta.
Ele ficou 28 dias no comando do ministério, entre abril e maio do ano passado. Assim como seu antecessor na pasta, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, ouvido na terça (04) na CPI do Senado, o médico deixou o governo por divergências com Bolsonaro sobre medidas para conter a pandemia.
“O pedido específico [de demissão] foi pelo desejo [do governo] de ampliação do uso de cloroquina. Esse era o problema pontual. Mas isso refletia uma falta de autonomia e uma falta de liderança”, disse Teich. O ex-ministro afirmou que a convicção pessoal dele, baseada em estudos científicos, apontava que não existia evidência da eficácia da cloroquina.
“As razões da minha saída do ministério são públicas, elas se devem basicamente à constatação de que eu não teria autonomia e liderança que imaginava indispensáveis ao exercício do cargo. Essa falta de autonomia ficou mais evidente em relação às divergências com o governo quanto à eficácia e extensão do uso do medicamento cloroquina para o tratamento da Covid-19, enquanto minha convicção pessoal, baseada nos estudos, era de que naquele momento não existia evidência de sua eficácia para liberar”, completou o ex-ministro.
O relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), perguntou se Teich tinha conhecimento da produção de cloroquina pelo Exército. O médico respondeu que não sabia e que não foi um assunto que chegou a ele.
Teich foi à CPI na condição de testemunha, quando há o compromisso de dizer a verdade sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho.