Sexta-feira, 24 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 10 de julho de 2020
O ex-superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio de Janeiro Ricardo Saadi vai assumir um posto na Europol, a polícia europeia, em Haia, na Holanda. Para justificar tentativas de tirá-lo da superintendência do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro chegou a dizer que a produtividade da gestão dele era baixa.
É a segunda mudança de cargo do delegado Ricardo Saadi na Polícia Federal em menos de um ano. Atual chefe do serviço de repressão a crimes financeiros da PF em Brasília, ele foi indicado pelo diretor da PF, Rolando Alexandre de Souza, como oficial de ligação na Europol, a polícia europeia. Vai fazer a interlocução entre a Polícia Federal brasileira e as polícias dos 27 integrantes do bloco.
O delegado já foi chefe do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça de 2010 a 2017. Tem experiência em cooperações para viabilizar o retorno de dinheiro desviado para o exterior e obter provas que embasam investigações no Brasil.
Saadi foi também superintendente da PF no Rio Grande do Sul e, entre março de 2018 e agosto de 2019, chefiou a Polícia Federal no Rio. Ricardo Saadi já tinha comunicado internamente que queria deixar o cargo em dezembro de 2019, mas acabou tendo a saída antecipada depois que o presidente Jair Bolsonaro anunciou publicamente, sem comunicação prévia à cúpula da Polícia Federal, que queria substituí-lo. À época, o presidente alegou problemas de produtividade na gestão de Saadi.
Mas documentos oficiais desmentiram essa versão. Em julho, um mês antes da troca, a PF informou que a superintendência no Rio ficou em quarto lugar no índice de produtividade operacional. Em agosto estava em sexto lugar, as duas melhores posições alcançadas em três anos.
Esse foi um dos casos que levaram o ex-ministro Sergio Moro a afirmar que o presidente Jair Bolsonaro tentou interferir politicamente em investigações da Polícia Federal. O caso acabou indo parar no Supremo Tribunal Federal.
Ricardo Saadi também prestou depoimento nesse inquérito. Disse que desconhecia os motivos que levaram à sua saída da chefia da superintendência no Rio.
A Polícia Federal vai questionar o presidente Bolsonaro no inquérito, num depoimento que ainda será marcado.
Com a nomeação para o cargo no exterior, a previsão é de que Ricardo Saadi vá para a Holanda em agosto e fique lá por dois anos. Delegados da PF afirmam que o cargo é uma função de prestígio, mas dizem que o desgaste a que Ricardo Saadi foi submetido, com críticas públicas do presidente, é incomum e precisa ser esclarecido.
Fontes afirmam que a ida dele para o posto não é uma aproximação com o governo, mas uma tradição de oferecer experiências internacionais a ex-superintendentes. As informações são do Jornal Nacional.