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Por Redação O Sul | 19 de maio de 2020
Existem sinais preliminares de que as crianças podem não disseminar o novo coronavírus tanto quanto os adultos, disseram dois importantes epidemiologistas nessa terça-feira (19), mas alertando que a má notícia é que a imunidade humana pode não durar muito tempo.
Enquanto Europa e Estados Unidos tentam voltar ao trabalho após a primeira onda letal do surto do coronavírus, líderes mundiais se esforçam para decidir quando é seguro para crianças e estudantes retomarem os estudos.
Os sinais são de que as crianças podem não transmiti-lo tanto quanto os adultos, disse a doutora Rosalind Eggo, que integra comitês que aconselham o governo do Reino Unido em sua reação à doença, a membros da Câmara Alta do Parlamento.
“Achamos que as crianças têm menos probabilidade de pegá-lo por enquanto, mas não é algo certo, estamos muito certos de que as crianças têm menos probabilidade de sofrer consequências graves e há indícios de que as crianças são menos infecciosas, mas não é algo certo”, disse Eggo, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
John Edmunds, integrante do Grupo Científico de Aconselhamento para Emergências, disse ao comitê de ciência da Câmara dos Lordes que surpreende o fato de as crianças não desempenharem um papel importante na proliferação do coronavírus.
“É incomum que crianças não pareçam desempenhar um papel importante na transmissão, porque na maioria dos vírus e bactérias respiratórios elas têm um papel central, mas nisto não parece que têm”, disse Edmunds, professor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres.
“Só existe um surto documentado associado com uma escola – o que é incrível.”
Mas ele acrescentou que uma possível má notícia é que a imunidade humana ao novo coronavírus pode não durar muito tempo.
Nova inflamação
A OMS (Organização Mundial da Saúde) emitiu um comunicado na última sexta-feira (15) alertando que equipes médicas fiquem atentas a uma nova inflamação misteriosa que está afetando crianças e adolescentes e pode estar ligada ao novo coronavírus.
A doença, chamada de síndrome multi-inflamatória, é parecida com a síndrome de choque tóxico. Segundo a OMS, é grave, requer cuidados intensivos e pode ser fatal. Os sintomas incluem alergia, problemas cardíacos, problemas de coagulação no sangue, vômito, diarreia e dor abdominal.
O nome provisório da doença, proposto por alguns pesquisadores, é PIMS-TS, sigla para o nome em inglês, que seria “Síndrome Pediátrica Inflamatória Multisistêmica Temporariamente Associada ao SARS-CoV-2”.
Análises preliminares de médicos indicam que a doença surge em pessoas entre 0 e 19 anos que foram expostas ao covid-19.
A OMS alertou que médicos ao redor do mundo devem mandar com urgência dados coletados para ajudar pesquisadores a entenderem a doença e desenvolverem um tratamento.