Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2021
As exportações brasileiras de carne bovina in natura e processada recuaram 18% em maio na comparação com igual mês de 2020, de 182.856 para 150.711 toneladas, segundo a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) com base em dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia. A receita teve queda de 7% na mesma base comparativa, passando de US$ 778,6 milhões para US$ 725,9 milhões.
No acumulado dos cinco primeiros meses do ano, o volume embarcado ao exterior é 2% menor do que o verificado em iguais meses do ano passado.
Segundo a Abrafrigo, o Brasil exportou 714.363 toneladas até maio, ante 732.647 toneladas de igual período de 2020. Já a receita soma US$ 3,24 bilhões, 2% a mais do que o valor faturado de janeiro a maio do ano passado, de US$ 3,16 bilhões.
A China – pelo continente e por Hong Kong – continua sendo a principal compradora do produto brasileiro, responsável pela aquisição de 418.160 toneladas nos primeiros cinco meses do ano. No ano passado, em igual período, o volume embarcado para o país asiático somava 413.648 toneladas.
A Abrafrigo informou que somente em maio a China comprou 87.231 toneladas, volume inferior às 118 mil toneladas adquiridas em maio de 2020.
Depois da potência asiática, o segundo maior importador da proteína bovina brasileira até maio foram os Estados Unidos. Segundo a entidade, o país adquiriu 33,7 mil toneladas no período, alta de 165,8% ante 2020, com a receita 149,4% maior.
O Chile ocupa a terceira posição, com 32,6 mil toneladas, avanço de 7,8% na comparação com 2020. Em seguida, as Filipinas, com 26,114 mil toneladas (+78,6%), os Emirados Árabes, com 19,027 mil toneladas (+11,8%), e o Egito, que comprou 17,596 mil toneladas (-55,2%).
No total, segundo a Abrafrigo, “66 países aumentaram o volume das importações e outros 75 diminuíram”, acrescentou a associação.
Consumo no Brasil
A pandemia da covid-19 provocou mudanças à mesa dos brasileiros, que cortaram o consumo de carne bovina para o menor nível em 25 anos, de acordo com dados do governo, que calcula a disponibilidade interna do produto subtraindo o volume exportado da produção nacional.
Não bastasse a perda de renda da população, os preços de cortes bovinos dispararam, na esteira de valores recordes da arroba do boi gordo, limitando o consumo interno, enquanto a China importa como nunca carnes do Brasil.
Agora, cada brasileiro consome 26,4 quilos desta proteína ao ano, queda de quase 14% em relação a 2019 — quando ainda não havia crise sanitária. Este é o menor nível desde 1996, início da série histórica da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Só nos primeiros quatro meses do ano, o consumo per capita de carne bovina caiu mais de 4% em relação a 2020, estima a Conab.
A alta da carne bovina levou o brasileiro a procurar opções mais baratas, incluindo frangos e suínos. Além disso, o consumo de ovos, que o Brasil quase não exporta, chegou ao maior nível em 20 anos.
Enquanto o Brasil fica mais pobre, uma doença que dizimou boa parte do rebanho suíno da China diminuiu a oferta de carne naquele país, levando-o a importar mais proteína de outros lugares.
Isto ajudou a fomentar uma inflação global dos alimentos, que também assola o Brasil.