Segunda-feira, 08 de setembro de 2025
Por Redação O Sul | 8 de setembro de 2025
Com 66,7% das vendas externas do Estado, o setor teve avanço em carnes e máquinas agrícolas
Foto: Divulgação/Portos RSO agronegócio do Rio Grande do Sul exportou US$ 3,1 bilhões no segundo trimestre de 2025, o equivalente a 66,7% das vendas externas do Estado. Na comparação com o mesmo período de 2024, houve retração de 14,3%, mas segmentos relevantes avançaram: carnes (9,5%) e máquinas e implementos agrícolas (89,0%), enquanto o complexo soja recuou pela menor safra.
Os indicadores integram a atualização trimestral produzida pelo governo do Estado, por meio do DEE (Departamento de Economia e Estatística), vinculado à SPGG (Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão).
Setores e mercados no 2º trimestre de 2025
No trimestre, o complexo soja respondeu por US$ 963,8 milhões; carnes, US$ 620,3 milhões; fumo e seus produtos, US$ 542,5 milhões; produtos florestais, US$ 279,3 milhões; e cereais, farinhas e preparações, US$ 115,6 milhões. Entre destinos, China (23,6%), União Europeia (16,5%), Estados Unidos (7,2%), Indonésia (4,2%) e Filipinas (3,8%) concentraram 55,2% das exportações.
A China registrou a maior queda absoluta (–US$ 498,3 milhões; –40,8%), puxada sobretudo por soja em grão e, em menor medida, por recuos em carne suína, celulose e carne de frango.
Coreia do Sul (–US$ 72,9 milhões; –55,2%) e Irã (–US$ 66,8 milhões; –59,6%) caíram principalmente por menor demanda por farelo de soja do Estado. Em sentido oposto, Indonésia e Filipinas tiveram as maiores altas absolutas: para a Indonésia, o avanço concentrou-se no farelo de soja; para as Filipinas, na carne suína.
Primeiro semestre: composição e saldos
De janeiro a junho de 2025, as exportações do agronegócio somaram US$ 6,4 bilhões (68,4% da pauta estadual), enquanto as exportações totais do RS cresceram 2,3%.
A redução do agronegócio no semestre (–US$ 131,6 milhões; –2,0%) foi explicada por quedas no complexo soja (–US$ 427,4 milhões; –21,9%) e em produtos florestais (–US$ 104,3 milhões; –14,2%).
No complexo soja, pesaram negativamente a soja em grão (–US$ 335,2 milhões; –29,3%) e farelo (–US$ 103,2 milhões; –15,2%).
Em contrapartida, cresceram carnes (+US$ 141,5 milhões; +13,0%), fumo e seus produtos (+US$ 73,4 milhões; +6,5%) e cereais, farinhas e preparações (+US$ 63,7 milhões; +9,4%), com destaques para carnes suína e bovina, fumo não manufaturado e milho.
Os principais destinos no semestre foram China (21,6%), União Europeia (13,2%), Estados Unidos (6,7%), Vietnã (5,7%), Indonésia (4,6%) e Arábia Saudita (3,1%), que juntos responderam por 55,0% do total.
Estados Unidos: alta nas vendas e cenário tarifário
No primeiro semestre, as vendas do agronegócio gaúcho aos Estados Unidos somaram US$ 426,6 milhões (+8,8% ante 2024), o maior valor nominal da série para o período, equivalendo a 6,7% do total exportado pelo estado do setor.
Os principais grupos foram produtos florestais, fumo e seus produtos, carnes, couros e peleteria, máquinas e implementos agrícolas e gorduras/óleos de origem animal.
Entre abril e agosto de 2025, os EUA implementaram uma tarifa global mínima de 10% e uma sobretaxa adicional de 40% para o Brasil. Ou seja, uma alíquota efetiva de 50% quando não há exceção.
Celulose
De 379 itens em exceção, 26 são do agronegócio. A celulose é o único conjunto de produtos do agronegócio gaúcho totalmente isento da sobretaxa — todos os itens dessa categoria estão livres da sobretaxa. Além disso, trata-se de um segmento relevante na pauta exportadora do estado.
Desta forma, 100% da celulose enviada aos EUA está isenta, montante que representa 13,3% da celulose exportada pelo RS e cerca de 1% do valor total exportado pelo agronegócio para todos os destinos.
Assim, pode-se afirmar que cerca de 1% do valor exportado pelo agronegócio gaúcho não foi afetado pela sobretaxa, enquanto aproximadamente 5,7% estão sujeitos ao adicional de 40% estabelecido em agosto.
Sobretaxas
Sob outra perspectiva, em torno de 85,5% do total destinado aos Estados Unidos está submetido à incidência dessa sobretaxa.
Entre os itens não isentos, destacam-se fumo não manufaturado (US$ 118,3 milhões), madeiras e manufaturas (US$ 63,5 milhões), carne bovina (US$ 51,7 milhões), couros e peles (US$ 17,1 milhões) e sebo bovino (US$ 16,5 milhões) — juntos, 4,2% do total exportado pelo agronegócio gaúcho e 62,6% do enviado aos EUA no primeiro semestre de 2025.
O avanço no semestre para os EUA foi praticamente explicado pela carne bovina (+US$ 33,1 milhões), além de altas em madeiras/manufaturas (+US$ 8,9 milhões), outros produtos de origem animal (+US$ 5,4 milhões) e demais gorduras/óleos de origem animal (+US$ 3,48 milhões).
Emprego formal: melhora na dinâmica trimestral
O segundo trimestre de 2025 registrou 58.285 admissões e 65.193 desligamentos, um quadro melhor que o do ano passado — afetado pelas enchentes de maio — embora ainda com saldo negativo trimestral sazonal (–6.908).
O “antes da porteira” foi o único segmento com saldo positivo no 2º tri (+1.439), puxado por fabricação de tratores, máquinas e equipamentos agropecuários (+1.130) e fabricação de adubos e fertilizantes (+323).
No semestre, saldo positivo em postos de trabalho no campo
No semestre, o saldo foi positivo: 158.334 admissões e 135.963 desligamentos resultaram em 22.371 novos postos (29,3% de todas as vagas formais criadas no RS). Ao fim de junho, o agronegócio reunia 404.944 vínculos formais ativos.
Entre os setores com maior criação de empregos no semestre, destacaram-se a fabricação de produtos do fumo (+10.298 postos), abate e fabricação de produtos de carne (+4.109), fabricação de tratores/máquinas/equipamentos agropecuários (+2.972) e produção de lavouras permanentes (+2.123).
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