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Política Falso cônsul que circulava nas altas rodas em Brasília é preso pela Polícia Federal

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Adailton Maturino buscou rede de contatos na Bahia e em Brasília. (Foto: Vaner Casaes/ALBA)

Adailton Maturino dos Santos era presença frequente em eventos sociais do meio jurídico de Brasília. Apresentava-se como empresário da Bahia em busca de contatos na capital e potencial contratante de advogados que cobram honorários milionários. Também se dizia cônsul da Guiné-Bissau, cargo nunca reconhecido pelas autoridades brasileiras. Maturino já tinha relações estreitas com a cúpula do Judiciário baiano há alguns anos e, depois disso, buscou uma aproximação com os tribunais superiores de Brasília.

Sua estratégia de se aproximar de pessoas com acesso ao Supremo Tribunal Federal (STF) foi detectada pela Polícia Federal nas investigações da Operação Faroeste, que resultaram na prisão de Maturino em novembro de 2019 sob acusação de corrupção no Tribunal de Justiça da Bahia. Em um relatório sigiloso de fevereiro, a PF apontou tentativas de “tráfico de influência” de Maturino junto aos tribunais de Brasília: “Suspeita-se da possibilidade de atuação nos bastidores de outros advogados, inclusive numa tentativa de lobby (tráfico de influência) junto às respeitadas cortes”.

O empresário, vestido com ternos bem cortados de diferentes cores e um largo sorriso em todas as fotos sociais, levava uma vida de luxo e usava isso para fazer novos amigos. Tinha uma agência de turismo de Salvador à sua disposição e, em pouco mais de um ano, gastou cerca de R$ 1 milhão na compra de passagens aéreas para terceiros, incluindo pessoas ligadas ao Judiciário, como um desembargador da Bahia e advogados. A PF obteve a lista dos voos com o dono da agência de turismo.

A ofensiva em Brasília coincidiu com uma disputa judicial milionária que ele travava no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e no STF envolvendo aposse de terras no oeste da Bahia. Essa disputa envolvia pagamentos de propina a juízes e desembargadores baianos, segundo as investigações da Operação Faroeste, conduzida pela PF e pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

Antes de ser preso, Maturino buscou interlocutores influentes em Brasília e frequentou cerimônias de posse nos tribunais superiores. Contratou um ex-assessor do STF para atuar nos processos, com honorários estipulados em R$ 20 milhões em caso de êxito. Para a PF, isso demonstrava “alta penetrabilidade no mais alto extrato do Judiciário”. A estratégia não prosperou: ele perdeu os processos e acabou preso.

Um dos agraciados com as passagens aéreas foi o general Ajax Porto Pinheiro, que era assessor da Presidência do STF durante a gestão do ministro Dias Toffoli. Pinheiro ganhou passagens para ir a Salvador no feriado de 1º de maio de 2019 e retornar a Brasília no dia 4. O custo, bancado por Maturino, foi de R$ 5.038. Ele afirmou ter uma relação antiga de amizade com a família de Maturino e disse que ofereceu repor o valor das passagens, o que não foi aceito.

“Conheço o Adailton e família de período anterior à ida para a assessoria do STF. Nossos filhos foram e são amigos e nunca omiti tal fato”, afirmou o general.

Ele disse que Maturino nunca abordou os processos de seu interesse nem fez pedidos indevidos.

Na véspera da viagem, em 30 de abril, o grupo de Maturino protocolou no CNJ um pedido a Toffoli para reverter uma decisão sobre posse de terras no oeste da Bahia que prejudicava seus interesses. A tentativa foi em vão: Toffoli e o CNJ mantiveram a posição.

Maturino também pagou, em novembro de 2019, um voo de Brasília a São Paulo para a advogada Anna Carolina Noronha, filha do então presidente do STJ, João Otávio de Noronha. Procurada, a advogada afirmou que foi contratada pelo filho de Maturino, Adriel Brendown, que é advogado, para atuar em parceria em um processo no STJ, envolvendo o litígio entre duas empresas da Bahia, e viajou para uma reunião.

 

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