Domingo, 12 de outubro de 2025
Por Renato Zimmermann | 12 de outubro de 2025
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editoriais de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.
Este domingo é especial. Belém, que em breve sediará a COP30, recebe hoje cerca de 2 milhões de fiéis para o Círio de Nazaré, a maior manifestação religiosa do Brasil e uma das maiores do mundo. É impossível não se impressionar com a cena: ruas tomadas por devotos vindos de todas as regiões do país — e até do exterior — para homenagear Nossa Senhora de Nazaré, padroeira da Amazônia.
A procissão principal, realizada sempre no segundo domingo de outubro, percorre aproximadamente 3,5 km. Muitos caminham descalços, em promessas e demonstrações de fé. Um dos símbolos mais marcantes é a corda de cerca de 400 metros, puxada por milhares de romeiros em um gesto coletivo de devoção.
O Círio, que teve início em 1793, transcende a religiosidade: é cultura, identidade e pertencimento para o povo paraense. Desde 2014, é reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
Tenho um carinho especial pelo Pará, em grande parte por causa do meu amigo de infância, Claitom Moreira. Gaúcho de origem, ele recomeçou a vida em Belém, acolhido pela hospitalidade paraense. Casou-se com Katia Gandra, descendente de portugueses, e juntos formaram uma bela família. O filho, Felipe, seguiu os passos de explorador do pai e partiu para estudar na USP. Foi essa família que me apresentou à Amazônia — e foi paixão à primeira vista.
O povo paraense é naturalmente hospitaleiro. Sua alegria, sua cultura vibrante e sua culinária — que ouso dizer ser uma das mais criativas do mundo — fazem de Belém um lugar único. Gostaria de estar lá neste domingo, sentindo de perto a energia que só o Círio proporciona.
Este ano, os romeiros encontram uma Belém diferente: mais organizada, mais bonita, preparada para receber o mundo na COP30.
É claro que Belém, como qualquer grande capital, enfrenta desafios, inclusive a violência urbana. Mas, em minhas visitas, o que encontrei foi acolhimento. Caminhei pelos manguezais da Ilha do Combú e só senti hospitalidade e generosidade.
A COP30 será um momento histórico. O mundo vai parar para discutir o futuro climático, negociar compromissos e cooperar para frear o aquecimento global. O desafio é imenso: precisamos garantir que o aumento da temperatura média do planeta não ultrapasse 1,5 °C em relação aos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris. Já estamos perigosamente próximos desse limite, e os eventos extremos que vivemos — secas, enchentes, ondas de calor — são sinais de alerta que não podem ser ignorados.
A Amazônia, bioma frágil e essencial para o equilíbrio climático global, será o palco desse encontro. Cabe ao Brasil, na presidência da COP30, conduzir a agenda e os protocolos diplomáticos no âmbito da ONU.
De minha parte, estarei em Belém como observador, registrando para o Jornal O Sul os principais fatos e bastidores. Mas também quero aproveitar para celebrar a amizade, saborear os frutos e pratos típicos e, sobretudo, sentir a hospitalidade desse povo que tanto admiro.
Meu desejo é voltar de Belém com a esperança renovada: de que acordos serão firmados, metas implementadas e que, a partir daqui, cuidaremos melhor do nosso planeta.
RENATO ZIMMERMANN – Desenvolvedor de Negócios Sustentáveis e Ativista da Transição Energética.
Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
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