Terça-feira, 10 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 14 de novembro de 2015
A fala de Felipe Camargo embaralha quando o assunto é espiritualidade. Batizado na Igreja Católica, o ex-frequentador de centros kardecistas e umbandistas não esconde o gosto por conversar sobre planos materiais. Não à toa, “Além do Tempo”, da TV Globo, é o quarto trabalho com temática religiosa no currículo do ator. “Sou ligado nessas questões. Não vejo Deus como um velhinho barbudo, mas como uma força sempre presente em tudo”, afirma o intérprete de Bernardo, que compôs o elenco de “O Sexo dos Anjos” (1989), “Alma Gêmea” (2005) e “Amor Eterno Amor” (2012).
“Acredito que ninguém vem do nada. Não surgirmos de um ‘POF!’ para acabarmos num outro ‘POF!’. A vida seria muito pobre se fosse só isso. A gente vem de algum lugar e vai para outro. O que virá depois, não tenho a menor noção. Mas virá!”, diz.
Ator precisou frequentar salões de beleza para manter o visual barbudo na primeira fase de novela. Crédito: Reprodução
Na ficção, o momento seguinte – ou a próxima encarnação – já chegou. Depois de interpretar um ermitão desmemoriado, Camargo ressurge como um especialista em vinhos na segunda fase da trama. A predileção pela bebida se mantém apenas no folhetim. Há 19 anos, desde que superou o vício em drogas, o artista não encosta uma gota de álcool na boca.
Transformação.
Em uma só vida, ele protagonizou uma imensa transformação. “Bebia demais, digamos assim. Isso me atrapalhou muito, sob todos os ângulos. Acho que só deveria beber quem sabe beber!”, ressalta ele. “Lido muito bem com essa questão agora. Meus amigos e minha mulher [a fisioterapeuta Malu Guimarães] bebem. Vivo bem sem bebida. Meu próximo objetivo é largar o cigarro. Para mim, é o que está sendo bem mais difícil”, confessa.
Camargo não esconde o riso ao admitir que, sim, ficou aliviado com a passagem de 150 anos em “Além do Tempo”. Para dar vida ao Bernardo de barba e cabelo fartos da primeira fase, o ator precisou frequentar salões de beleza constantemente. “Foi um sacrifício. Na época, para aplicar o megahair, permaneci mais de sete horas nas mãos de um cabeleireiro. Para um homem, não é normal. Espero não ter que passar por isso novamente. Se o personagem for bom e valer a pena, vou colocar, é claro. Mas é um grande transtorno”, reconhece.
Mais tranquilo com o personagem atual, que adora explorar novas experiências, o ator diz que curte “valorizar o bem’’ e se vê como um ‘‘homem justo”. A vida conturbada – que além da dependência química foi marcada por um casamento problemático com Vera Fischer, com quem teve o filho Gabriel, de 22 anos – ficou no passado. “Fiquei mais recluso durante um tempo. Mas eu gosto de viver em sociedade. Cada um sabe de si.” (AG)