Terça-feira, 30 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2018
A PF (Polícia Federal) deflagrou, na manhã desta terça-feira (12), a segunda fase da Operação Registro Espúrio, com o objetivo de aprofundar as investigações a respeito de uma organização criminosa suspeita de fraudar a concessão de registros sindicais no Ministério do Trabalho.
Policiais federais cumpriram três mandados de busca e apreensão em endereços da deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ). Ela é filha do presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, delator do esquema do mensalão no governo Lula.
No início deste ano, a congressista foi indicada pelo governo do presidente Michel Temer para comandar o Ministério do Trabalho, mas a sua posse não se concretizou em razão de denúncias de desrespeito à legislação trabalhista. Os mandados da PF, expedidos pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, são cumpridos em Brasília e no Rio de Janeiro.
Além das buscas, a pedido da PF e da PGR (Procuradoria-Geral da República), serão impostas medidas cautelares a Cristiane. Trata-se da proibição de frequentar o Ministério do Trabalho e de manter contato com os demais investigados ou servidores da pasta. A primeira fase da Operação Registro Espúrio foi deflagrada em 30 de maio. Outros quatro deputados, funcionários públicos e sindicalistas são suspeitos de integrar o esquema.
Projeto
Em março deste ano, Cristiane protocolou um projeto de lei que prevê punição para a “violência política contra mulheres”. De acordo com a parlamentar, a proposta transforma em crime eleitoral os atos violentos contra candidatas, eleitas, nomeadas ou que exerçam cargos políticos.
Ela avalia que o bloqueio de sua nomeação para o Ministério do Trabalho resultou do “machismo” e de uma “caçada” por ela ser mulher, conforme ressaltou em discurso na Câmara dos Deputados. A parlamentar não apontou, no entanto, quem seriam os responsáveis por tal preconceito.
Cristiane havia sido nomeada para a pasta no começo de janeiro, mas não chegou a tomar posse. Ela teve a sua indicação suspensa pela Justiça depois que reportagens veiculadas pela imprensa revelaram que, em 2016, foi condenada a pagar uma dívida trabalhista de R$ 60 mil a um motorista.
Semanas depois, um vídeo gravado pela parlamentar em um barco ao lado de supostos empresários e apoiadores aprofundou a polêmica e gerou mal-estar no PTB, que, por fim, desistiu do nome da indicada.
Com o projeto protocolado na Câmara, Cristiane diz que pretendia inserir novos artigos no Código Eleitoral Brasileiro, que passaria a considerar a violência política contra mulheres um crime eleitoral. Na visão da autora, deveriam ser punidos aqueles que cometerem atos de perseguição, assédio, ameaça e agressão física ou psicológica durante ou depois do processo eleitoral.