Quarta-feira, 08 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 1 de dezembro de 2019
Líder da oposição ao governo do Peru e filha do ex-ditador Alberto Fujimori (1990-2000), Keiko Fujimori deixou a prisão após 13 meses de cadeia por envolvimento no escândalo de subornos do grupo brasileiro Odebrecht. A soltura, sob aplausos de centenas de simpatizantes, foi possível após o Tribunal Constitucional do país andino aceitar, na semana passada, um recurso apresentado pela defesa.
De acordo com a decisão da Corte, a expoente do partido Força Popular poderá permanecer em liberdade enquanto tramita o processo. Procuradores afirmam que Keiko liderou uma organização criminosa e recebeu US$ 1,2 milhão (mais de R$ 5 milhões) em doações na forma de caixa-dois para sua campanha à Presidência em 2011, quando foi derrotada por Ollanta Humala.
Segundo a acusação, o dinheiro veio da construtora brasileira Odebrecht, que está no centro de um escândalo de corrupção que envolve vários países da América Latina. O Peru é um dos países mais afetados pelo esquema da empreiteira brasileira, que admitiu ter pago ao menos US$ 29 milhões em subornos ao longo de três governos peruanos.
Keiko nega as acusações. Além dela, Alberto Fujimori (que cumpre, aos 81 anos de idade, uma sentença de prisão domiciliar por corrupção e violações de direitos humanos) tem outros três filhos: Sachi Marcela, Kenji e Hiro Alberto.
“Foi o evento mais doloroso da minha vida, mas a Justiça corrigiu um dano que nos fizeram, então seguirei enfrentando esta investigação, como sempre o fiz”, declarou Keiko ao abraçar o seu marido, o ítalo-americano Mark Vito Villanella. Ele realizava uma greve-de-fome há mais de duas semanas diante da prisão feminina de Chorillos, na cidade de Santa Mônica, próximo à capital Lima, onde a mulher estava trancafiada.
Situação
A sua saída da prisão acontece em um momento que o Peru se prepara para eleições legislativas em janeiro, depois que o presidente Martin Vizcarra dissolveu o Congresso Nacional do país andino em meio a uma batalha com parlamentares da oposição. O partido de Keiko detinha a maioria no Parlamento antes de a casa ser diluída.
Keiko havia sido presa de forma preventiva em 31 de outubro do ano passado. Na época, o juiz responsável pelo caso considerou haver risco de obstrução de Justiça e de fuga, já que ela conta com as cidadanias japonesa (devido à sua ascendência familiar) e norte-americana (por conta do marido estrangeiro).
“Antes de dar continuidade à minha carreira política, eu pretendo reencontrar toda a família e amigos. “Só depois decidiremos como será a segunda etapa da minha vida. De qualquer forma, uma coisa é certa: preciso deixar os ódios para trás”, afirmou antes de entrar no veículo que a retirou do local.