Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de janeiro de 2020
Uma operadora de jatos privados da Turquia afirmou que Carlos Ghosn, ex-chefe da Nissan, usou seus aviões de forma ilegal para escapar do Japão. Um funcionário teria falsificado os documentos de aluguel da aeronave para excluir o nome do executivo dos papéis de voos. As informações são da agência de notícias Reuters.
A empresa MNG disse que vai abrir um processo criminal relativo ao incidente. O comunicado veio um dia depois de a polícia turca ter detido sete pessoas – incluindo quatro pilotos – como parte de uma investigação sobre a escala que Ghosn fez na Turquia antes de seguir para o Líbano.
Ghosn se tornou um fugitivo internacional depois de ser revelado que ele fugiu do Japão, onde enfrentava um processo criminal havia 13 meses e estava em prisão domiciliar. A Justiça japonesa acusa o ex-todo-poderoso da aliança Renault-Nissan de crimes financeiros.
Procurado
O governo libanês recebeu na quinta-feira, 2, um alerta de prisão de Ghosn emitido pela polícia internacional Interpol. Até o momento, a fuga do executivo de Tóquio não foi totalmente explicada. Uma rede de TV japonesa afirmou que Ghosn foi filmado por uma câmera de segurança deixando sua casa pouco antes de sua fuga. O monitoramento era parte do acordo com a Justiça do país.
Em comunicado, a MNG disse que alugou dois jatos para diferentes clientes que não pareciam ter conexão entre si. Um avião voou de Osaka, no Japão, para Istambul, na Turquia, e o outro de Istambul para Beirut, no Líbano. “O nome de Ghosn não apareceu nos documentos oficiais dos voos”, disse a companhia.
Um funcionário admitiu ter falsificado os registros e confirmou que agiu em “capacidade individual”, disse a companhia.
Prisões
A polícia turca prendeu sete pessoas, incluindo quatro pilotos, na quinta-feira, em uma investigação sobre como o ex-chefe da Nissan Carlos Ghosn passou por Istambul a caminho do Líbano depois de fugir do Japão, informou uma porta-voz da corporação à Reuters.
Segundo a porta-voz, os outros detidos são dois trabalhadores de solo de um aeroporto e um funcionário de transporte de carga, e os sete devem fazer declarações perante um tribunal nesta quinta-feira.
A imprensa informou que o Ministério do Interior da Turquia iniciou uma investigação sobre o trajeto de Ghosn. O ex-chefe da Nissan revelou na terça-feira que havia fugido para Beirute para escapar do que chamou de sistema judicial “fraudulento” do Japão.
Pessoas familiarizadas com o assunto disseram à Reuters que Ghosn, um dos executivos mais conhecidos do mundo, chegou a Beirute em um jato particular que partiu de Istambul na segunda-feira.
O site de notícias Hurriyet, citando uma autoridade do Ministério do Interior, disse que a polícia de fronteira turca não foi notificada sobre a chegada de Ghosn e que nem sua entrada nem saída foram registradas.
Segundo o Hurriyet, o avião que levou Ghosn chegou às 5h30 da manhã de segunda-feira ao aeroporto de Ataturk, em Istambul, e os promotores ordenaram as prisões efetuadas na quinta-feira depois de ampliarem suas investigações.
Dados de rastreamento de voo sugerem que Ghosn usou dois aviões diferentes para voar para Istambul e depois para o Líbano.
As autoridades japonesas permitiram que Ghosn ficasse com um passaporte francês sobressalente em uma mala trancada enquanto estava sob fiança, disse a emissora pública NHK na quinta-feira.
O empresário, que tem cidadania francesa, libanesa e brasileira, foi retirado de Tóquio por uma empresa de segurança privada dias atrás, na conclusão de um plano elaborado durante três meses, disseram fontes à Reuters.
Ghosn foi preso pela primeira vez em Tóquio em novembro de 2018 e enfrenta quatro acusações, incluindo ocultação de renda e enriquecimento pessoal por meio de pagamentos a concessionárias de veículos no Oriente Médio. Ele nega as acusações.