Terça-feira, 11 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 2 de março de 2020
Em 31 de agosto de 2011, o Comitê de Política Monetária do Banco Central fez um inesperado corte de 0,50 ponto percentual na Selic, a taxa básica de juros. Desde janeiro, a Selic estava em alta e não havia nenhuma sinalização do órgão de que ocorreria uma revisão na trajetória. A queda de 12,5% para 12% naquele dia contrariou todos os 62 economistas consultados à época pela agência Bloomberg: eles previam a manutenção da taxa de juro.
Não é comum que um banco central, em qualquer lugar do mundo, altere a trajetória da política monetária em um espaço curto de tempo. O movimento foi tão inesperado para o mercado financeiro que entrou para a história como “cavalo de pau do Banco Central”.
Naquele dia, um fundo gerido pelo BTG Pactual foi especialmente arrojado, na visão de analistas ouvidos pela Folha. O BTG Pactual Direcional B, que tinha um patrimônio de R$ 190 milhões na véspera do cavalo de pau, teve uma valorização de 30,41% em apenas um dia – e um ganho de R$ 57,8 milhões.
Segundo a Folha apurou, a PF (Polícia Federal) e o MPF (Ministério Público Federal) estão investigando o BTG Pactual Direcional B. O ponto de partida das investigações é o acordo de delação do ex-ministro Antonio Palocci. Ele afirmou às autoridades que, de 2010 a 2012, Guido Mantega, quando era ministro da Fazenda, passou informações sobre as reuniões do Copom para o banqueiro André Esteves, sócio do BTG que ocupava a presidência do banco.
Na delação, Palocci diz que Esteves era o responsável por cuidar das finanças do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do PT. E que o banqueiro havia disponibilizado dentro de seus fundos no BTG “espécie de contas que serviriam aos interesses do PT, de Lula e familiares.”
O ex-ministro narra que, ao saber antecipadamente da mudança no rumo dos juros, Esteves “buscava enriquecimento pessoal e também as contas do PT.”