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Carlos Roberto Schwartsmann Geração nem-nem

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(Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Recentemente atendi uma jovem senhora, que é minha paciente há muitos anos. Num rompante de memória lembrei que seu marido tinha falecido meses atrás. Antes mesmo dela relatar o motivo da consulta, indaguei: “E aí como vai a vida?!” Ela respondeu com uma pitada sarcasmo e rancor: “Doutor as vezes eu acordo de manhã e acho que estou vivendo em outro planeta! Todos os valores éticos e morais que me ensinaram se dissolveram. Aqui no Brasil é roubo e falcatrua. Além disso o mundo está de cabeça para baixo. É o clima! A inimaginável guerra em pleno século XXI! O homem nunca foi tão irracional como hoje. Não se mata mais com metralhadoras ou misseis. Se mata com simples drones carregando bombas. A destruição das cidades é horripilante!”

Interrompi com sutileza e perguntei se já tinha se adaptado com a morte do marido. Sabia que tinha um casal de filhos com aproximadamente 30 anos. Respondeu que a adaptação não é fácil. Ainda mais que a filha que tinha se separado recentemente, estava morando com ela. “Alias os dois estão morando comigo! Meu filho depois de trocar 2 vezes de faculdade, agora é economista e esta sempre procurando emprego. Vive no celular, que sou eu que pago, e nas redes sociais. Ambos não tem carro e não querem ter! Usam o meu ou então pagam o Uber com o meu dinheiro!”

A partir de então entramos no diálogo médico-paciente.

Após sua saída fiquei pensando na geração NEM-NEM! Em espanhol é conhecida como “NI-NI” (Ni estudia, Ni trabaja). Em inglês é conhecida como “NEET” (No Education, No Employment, No Training).

O termo “NEM-NEM” em português significa: nem trabalha, nem estuda.

Segundo o IBGE, divulgado em 2023 o Brasil possui 49 milhões de brasileiros na faixa dos 15 a 29 anos. Mais de 20% não estudam, nem trabalham. No total são mais de 11 milhões. Santa Catarina tem o menor percentual, 13,1%. Nos estados do nordeste o índice está acima de 30%.

Os jovens que integram a geração nem-nem tem algumas características em comum: Mais de 40% desistem precocemente dos estudos pois muitos necessitam trabalhar. Tiveram educação familiar precária. São financeiramente dependentes e moram com familiares. Tem dificuldades de ingressar no mercado de trabalho. Entre as mulheres, um fator importante, é a gravidez precoce. São acomodados e desinteressados.

Lembrando minha paciente: Era nosso sonho estudar, ganhar um diploma e trabalhar. Viver com seu próprio dinheiro e por conta própria. Comprar suas roupas! Comprar um carro!! Viver feliz!!!

Este tipo de sonho não existe mais! Realmente o mundo mudou.

Até a filosofia de vida está de cabeça para baixo.

Salve a geração NEM-NEM!

(Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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