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Carlos Roberto Schwartsmann Médicos Hyposkilliacos

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Volto a este termo pois estou muito assustado com os rumos da nossa medicina.

O termo “ HYPOSKILLIA” foi utilizado pela primeira vez pelo cardiologista americano Herbert Fred há 2 décadas atrás. O termo tenta definir a sua preocupação com o novo padrão médico americano. Significa: “deficiência de habilidades clínicas”.

Quase 20 anos depois percebo com tristeza que hoje exercemos uma medicina medíocre, distorcida e de baixo nível. A hodierna formação médica foi duramente atingida.

Em 1997 tínhamos no Brasil 85 faculdades de medicina. Hoje possuímos 369. Muitas delas não tem hospitais-escola e tampouco cadáveres!

Ainda como regra, para formar bons profissionais necessitamos de um corpo docente experiente e qualificado. Este tipo de mestre abnegado na medicina se tornou peça rara principalmente pela remuneração ultrajante a que fomos submetidos.

A política de estado para a saúde é confusa e muda a cada novo governo. É comum mudanças sistemáticas nos ministros da saúde.
A municipalização foi desastrosa.

Confundiu e diluiu ao extremo a responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal.

Os novos médicos e estudantes de medicina também mudaram drasticamente nos últimos 20 anos.

A dissolvição da educação familiar e o investimento pífio no ensino básico, em detrimento do ensino superior, fez com que os alunos ingressassem na universidade mal preparados.

A internet e as redes sociais que ajudaram a sepultar o sacerdócio religioso dos padres e freiras, provavelmente também influenciou negativamente no sacerdócio da medicina. O sistema induziu ao jovem médico dar mais valor ao pecuniário do que a misericórdia e a compaixão. Esqueceram que “mais vale o aplauso do que o cachê”
A novo geração foi educada dispondo de celular e alta tecnologia.

Esquecemos de cultivar a arte do relacionamento. A relação médico-paciente se fortifica na anamenese e no exame físico. Hoje é muito fácil solicitar exames sofisticados com um simples toque no computador.

Hoje os novos médicos não sabem dar um simples injeção na nádega, drenar um abcesso ou dar pontos na pele!

No final do ano passado o CRM de São Paulo analisando pesquisa com 3.100 médicos recém-formados concluiu que 70% não sabiam medir a pressão arterial, 68% não conseguiam identificar um infarto do miocárdio e 86% abordaram inadequadamente nos primeiros socorros pacientes vítimas de acidente de trânsito.

A tecnologia, sem dúvida facilitou e influenciou positivamente o exercício da medicina. Entretanto afastou o médico do humanismo e do exercício cerebral. Salve os novos Hiposkilliacos!

Carlos Roberto Schwartsmann – Médico e Professor universitário

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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