Sexta-feira, 02 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 19 de fevereiro de 2022
O Google anunciou que vai limitar o compartilhamento de dados de usuários do sistema operacional Android com aplicativos e que planeja eliminar os códigos que identificam os anúncios, dificultando o rastreamento dos cliques em publicidades digitais. O anúncio ocorre em meio a uma forte pressão de reguladores e da Justiça americana para que a gigante de tecnologia adote medidas para preservação de privacidade de seus usuários .
As novas regras ainda serão detalhadas e farão parte do Privacy Sandbox para o Android, iniciativa que será posta em prática ao longo dos próximos anos. Segundo Anthony Chávez, vice-presidente de gerenciamento de produtos para Android Security & Privacy, o caminho traçado pelo Google será menos “brusco” do que escolhido pela rival Apple.
A Apple fez mudanças no sistema operacional iOS, que permitem ao usuário liberar ou bloquear o compartilhamos de seus dados com terceiros. Sem o consentimento prévio deles, não há como ter acesso a seu histórico de navegação, por exemplo, que é a base para o modelo de publicidade do Facebook.
A rede social oferece anúncios personalizados aos internautas e cobra dos anunciantes por isso. Sem as informações dos donos dos iPhones, a empresa de Mark Zuckerberg avalia que terá prejuízo de US$ 10 bilhões somente neste ano. A mudança afetou o desempenho financeiro do Facebook e a expectativa de receita para 2022, o que derrubou o valor de mercado da companhia em mais de US$ 200 bilhões no início do mês.
Se de um lado o compartilhamento do histórico de navegação permite a oferta de anúncios personalizados, com base no interesse dos usuários, o ID dos anúncios permite que os anunciantes saibam se suas peças publicitárias foram bem-sucedidas, se houve muitos ou poucos cliques ou se um produto foi comprado após a visualização do anúncio.
É esse ID que o Google quer eliminar. O Google disse que já permite que alguns usuários desativem os anúncios personalizados removendo o identificador de rastreamento. Agora, isso seria aplicado para todos os que usam o Android.
Pressão
No entanto, o Android permitirá anúncios personalizados com base em tópicos recentes de interesse e permitirá acesso a relatórios de desempenho, que ajudam os profissionais de marketing a saber se seu anúncio foi eficaz, acrescenta Chávez.
Os novos mecanismos vão “desenvolver soluções de publicidade efetivas e de proteção à privacidade, em que usuários saberão que suas informações são protegidas e desenvolvedores terão ferramentas para serem-bem-sucedidos nos dispositivos móveis”, disse o Google no blog.
O Google está tentando equilibrar as crescentes demandas de consumidores e órgãos reguladores preocupados com a privacidade com as necessidades financeiras de desenvolvedores e anunciantes.
A primeira proposta da empresa foi alvo de críticas de reguladores e colegas do Reino Unido e, desde então, o Google sugeriu que veicularia anúncios com base em tópicos nos quais um usuário da web está interessado e que são excluídos e substituídos após três semanas.
Essa é uma mudança que o Google já anunciou para usuários do Chrome. Quando alguém visita um site por meio do navegador do Google, em vez de rastrear todo histórico por meio de cookies, o Google vai mostrar aos parceiros anunciantes três dos interesses do internauta registrados nas três últimas semanas.
2023
Assim, se alguém visitou páginas de esportes neste período, o Chrome vai entender que o tema esporte é categoria de interesse e passará esse dado para o anunciante. Para o Chrome, a mudança vale a partir do ano que vem.
Para o Privacy Sandbox para o Android, ainda não há um cronograma definido, mas a empresa se comprometeu a manter o sistema existente de ID de anúncios por dois anos. O Google disse que ofereceria versões prévias de suas novas propostas aos anunciantes, antes de lançar uma versão de teste mais completa neste ano. A empresa planeja realizar “testes em escala” em 2023.
Chávez também disse que os próprios aplicativos do Google não teriam acesso especial ou privilegiado a dados ou recursos do Android sem especificar como isso funcionaria. Isso também ecoa uma promessa que o Google fez aos reguladores na Grã-Bretanha de que não daria tratamento preferencial a seus próprios produtos.